Às vésperas de assinar os últimos contratos para tirar a Hidrelétrica de Belo Monte do papel, o governo assumiu o controle total do empreendimento. Os homens do Planalto no comando da operação são Valter Cardeal, diretor da Eletrobrás e pessoa de confiança da presidenciável Dilma Rousseff, e Adhemar Palocci, diretor da Eletronorte e irmão do ex-ministro Antônio Palocci.
Desde o leilão, em abril, eles articulam a formação final da empresa que vai explorar a hidrelétrica por 35 anos. Nas mãos deles, está a escolha dos fornecedores de equipamentos, que envolve contratos de R$ 6 bilhões, e a contratação das empreiteiras para construir a usina, orçada pelo governo em algo como R$ 16 bilhões. Ao todo, Belo Monte custará perto de R$ 25 bilhões.
A usina foi apresentada pelo Planalto como um projeto privado, ficando fora das regras de licitações de obras públicas. Na prática, porém, o governo entregou a concessão para si mesmo. Hoje, o único papel das oito empresas privadas, que ao lado da estatal Chesf formaram o consórcio Norte Energia e venceram o leilão, é participar de encontros semanais para tomar conhecimento das decisões do governo.
Comandados por Cardeal e Palocci, os encontros ocorrem todas as quintas-feiras, sempre à tarde. O lugar não é fixo: às vezes, ocorrem nos escritórios da Eletrobrás em Brasília ou no Rio de Janeiro e, de vez em quando, em um prédio da Vila Olímpia, em São Paulo. José Aílton Lima, diretor da Chesf e presidente do consórcio, também participa, mas é o que menos interfere.
Do outro lado da mesa, os representantes da Queiroz Galvão, JMalucelli, Serveng, Contern, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, Cetenco e Gaia apenas ouvem o resumo da semana. Antes do leilão, todos eles tinham pré-acordos com fornecedores. Após a disputa, foram avisados que deveriam esquecer os arranjos e deixar tudo por conta da Eletrobrás. "Quem lidera o processo são Eletrobrás, Eletronorte e Chesf, sócias das empresas privadas", diz Cardeal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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