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Notificação foi enviada à Vale no mesmo dia em que Lula teria desistido de indicar o ex-ministro Guido Mantega à presidência da companhia
Notificação foi enviada à Vale no mesmo dia em que Lula teria desistido de indicar o ex-ministro Guido Mantega à presidência da companhia| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O Ministério dos Transportes está cobrando da Vale R$ 25,7 bilhões em outorgas não pagas na renovação antecipada de concessões de rodovias ocorrida durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). A notificação se refere às estradas de ferro Carajás e Vitória-Minas e foi enviada na última sexta-feira (26).

A companhia MRS Logística também foi acionada com uma cobrança de R$ 3,7 bilhões.

As notificações, assinadas pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, baseiam-se em uma recomendação feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a partir de um acordo fechado entre o governo federal e a Rumo, no qual a companhia se comprometeu a pagar R$ 1,5 bilhão.

O tribunal entendeu que a empresa descontou de forma equivocada do valor de outorga ativos não amortizados investidos na concessão no momento da renovação antecipada da Malha Paulista, ocorrida em 2020.

O governo quer utilizar a jurisprudência para cobrar o que foi abatido das outorgas pela Vale em Carajás (R$ 21,1 bilhões) e em Vitória-Minas (R$ 4,6 bilhões) e pela MRS em ferrovias em Minas Gerais (R$ 3,7 bilhões).

“Na prática, isso significa que as companhias precisarão apresentar providências para a devolução do que foi descontado indevidamente da outorga a título de ativos não amortizados a fim de ressarcir o país. O tribunal entende que esses ativos precisam ser abatidos como custo ao longo de 35 anos do novo contrato firmado a partir das renovações”, explicou Renan Filho em suas redes sociais.

Segundo ele, as notificações são resultado de “meses de trabalho árduo e dedicação praticamente exclusiva de uma valorosa equipe” do Ministério dos Transportes.

De acordo com o jornal “O Estado de S.Paulo”, que teve acesso aos documentos, o Ministério dos Transportes deu 15 dias às empresas para informar “as providências adotadas para o cumprimento do rito determinado pelo TCU, com vistas à recomposição ao erário da indenização de ativos não amortizados abatidos da outorga por ocasião do termo aditivo de prorrogação antecipada”.

Caso não haja acordo, o ministério pretende levar a discussão ao TCU, com representação contra as empresas, alegando que a renovação antecipada lesou os cofres públicos.

A Vale informou que recebeu a notificação e que vai analisar o documento. “A empresa continua cumprindo com as obrigações decorrentes da renovação antecipada das ferrovias Estrada de Ferro Vitória a Minas e Estrada de Ferro Carajás em 2020, tendo entregado 100% do compromisso cruzado da Fiol e adquirido os equipamentos necessários para expansão da oferta de trem de passageiros”, disse em nota à publicação.

A notificação à Vale foi enviada no mesmo dia em que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria desistido de indicar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a presidência da mineradora. No mesmo dia, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que na Vale “as coisas são muito lentas”. Apesar disso, aliados dizem que os eventos não guardam relação.

Na quinta-feira (25), o próprio presidente fez críticas à Vale. Em uma publicação na rede social X, ele lembrou do aniversário de 5 anos da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. “Cinco anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada”, afirmou o petista.

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