O ministro Rui Costa, da Casa Civil, afirmou que o governo não descarta fazer novos cortes no orçamento para cumprir a meta fiscal de fechar o ano com as contas públicas próximas do equilíbrio. A previsão pessimista ocorre em meio ao já anunciado congelamento de R$ 15 bilhões em despesas em julho e que pode atingir programas assistenciais.
“Se precisar ajustar, ninguém vai estar com o sorriso da orelha, mas é necessário. E o corte é em função do compromisso reiterado muitas vezes pelo presidente da República de compromisso com sua política fiscal, com a responsabilidade fiscal”, disse o ministro no final da tarde de quinta (8) após uma longa reunião ministerial convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Costa afirmou, ainda, que todos os ministros “estão cientes disso” e “vida que segue”. “E vai ter que se ajustar isso dentro do cronograma de execução dos programas de cada Ministério”, complementou.
A atenção à possibilidade de se fazer mais cortes no orçamento também dá um sinal da dificuldade que o governo pode ter para alcançar a meta de zerar o déficit fiscal em 2025. O orçamento do próximo ano está sendo fechado pelo governo e, segundo relatos, ainda precisa de mais recursos.
Segundo apuração da Folha de São Paulo publicada nesta sexta (9), o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, sinalizou aos ministros durante a reunião que pode necessitar de medidas adicionais de aumento de receitas para fechar o orçamento. A Gazeta do Povo procurou o ministério para confirmar a sinalização e aguarda retorno.
De acordo com a apuração, a equipe econômica trabalha com a perspectiva de R$ 41 bilhões de perda de arrecadação sem previsão no orçamento deste ano, divididos entre o Perse (R$ 12 bilhões), desoneração da folha de pagamentos (R$ 19 bilhões) e desoneração da contribuição previdenciária dos municípios (R$ 10 bilhões), que precisam ser recompostos.
Do que foi aberto à imprensa durante a reunião de quinta (8), Lula se disse otimista e satisfeito com os índices econômicos, mas pediu atenção com a inflação – que fechou o mês de julho em 0,38%, acima do esperado pelo mercado, e um acumulado de 4,5% em 12 meses – e com a perspectiva de uma crise internacional do dólar.
No entanto, não comentou sobre a execução orçamentária e cortes – deixou para Rui Costa explicar aos jornalistas na coletiva após a reunião.
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