• Carregando...

Brasília – O governo voltou a deixar claro que não pretende tomar medidas drásticas para conter a queda do dólar. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afastou ontem a possibilidade de adoção de um choque de redução geral da alíquota do Imposto de Importação. Esse choque foi sugerido pelo ex-ministro Delfim Netto e pelo ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, como forma de reduzir o volume de dólares no mercado e, com isso, conter a queda da moeda.

"Não há necessidade de choques de importação, não gosto de choques", afirmou Mantega, em entrevista. Ele disse que prefere a adoção de medidas "sem surpresas" e que as importações já estão crescendo "de forma extraordinária".

Na avaliação de Mantega, a economia brasileira já vive, na prática, um choque de importações, já que o dólar barato permite a compra no exterior de produtos de menor preço, o que reduz os preços também no mercado interno. O ministro da Fazenda afirmou que esse processo, que já está acontecendo, funciona como uma redução de alíquota. "É chover no molhado falar em choque de importação. Isso já está acontecendo", afirmou o ministro.

Mantega disse ainda que não vai demorar muito para o Brasil receber o investment grade – classificação dada aos países com baixo risco de crédito. Segundo ele, isso vai acontecer quando a economia estiver crescendo com uma taxa de 5% ao ano. Ontem, a agência Standart & Poor’s elevou a classificação do Brasil, colocando-o a um passo do grau de investimento, assim como fez a agência Fitch na semana passada.

Mantega admitiu que é inevitável uma valorização do real à medida que o país se aproxima do grau de investimento. Ao responder se a cotação atrapalha ou ajuda, o ministro disse que "gostaria de comer o omelete sem quebrar os ovos". "Mas não dá pra imaginar um país com uma economia mais sólida com uma moeda desvalorizada", diz Mantega. Ele afirmou que, neste momento, a desvalorização do real não atrapalha a economia.

Ele reforçou, no entanto, que o Banco Central irá intervir sempre que necessário para evitar quedas acentuadas. Ele explicou que as aquisições de dólar reforçam as reservas brasileiras e, na verdade, isso contribui para uma melhor avaliação do "rating".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]