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O ministro Mantega: novos consumidores sustentarão a demanda | Ueslei Marcelino/Reuters
O ministro Mantega: novos consumidores sustentarão a demanda| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Contas Públicas

Superávit está abaixo da meta pela primeira vez desde fevereiro de 2011

Agência O Globo

A arrecadação de impostos enfraquecida por causa da crise e o aumento de despesas fizeram o governo poupar menos para pagar juros da dívida. O superávit primário nos últimos 12 meses caiu de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,97% do PIB. Foi a primeira vez desde fevereiro do ano passado em que esse indicador fica abaixo da meta que corresponde a 3,1% do PIB. O setor público economizou somente R$ 2,6 bilhões. Faltaram R$ 16,1 bilhões para pagar os juros no mês: foi o pior déficit nominal desde quando o Banco Central (BC) começou a registrar os dados em 2001.

"Resultados mensais estão sujeitos à oscilação. Foi um resultado abaixo do padrão para o mês de maio", afirmou o chefe do departamento econômico do BC, Túlio Maciel. O déficit nominal nos últimos 12 meses aumentou: passou de 2,42% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,44% do PIB. O país acumula R$ 104 bilhões de rombo nas contas públicas. No entanto, a previsão do BC é que ele caia em relação ao tamanho da economia. Como a autarquia revisou sua projeção para o desempenho do país, a estimativa de déficit nominal aumentou de 1,2% para 1,4% em 2012. Será o menor déficit da história.

Em mais um esforço para estimular a produção da indústria e atenuar os efeitos da crise financeira na Europa, o governo decidiu prorrogar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os setores de linha branca (fogões, geladeiras e máquinas de lavar) e móveis. O anúncio foi feito ontem, em São Paulo, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Como contrapartida, os fabricantes dos produtos beneficiados terão o compromisso de manter a vantagem para os consumidores e o nível de emprego, disse Mantega, após reunir-se com empresários dos setores envolvidos. "Os setores aqui presentes estão se comprometendo a repassar para o consumidor a redução do IPI, manter o índice de nacionalização e emprego", disse o ministro. No varejo, os empresários já enfrentam dificuldades para encontrar trabalhadores disponíveis no mercado, comentou o ministro. "Para eles não é bom, mas para mim é uma boa notícia", disse Mantega.

O encontro prolongou-se por duas horas e contou com a participação de empresários dos setores de varejo, móveis e fabricantes de eletrodomésticos. O ministro avaliou que as medidas adotadas até agora foram bem sucedidas por terem ampliado as vendas e ajudado a expandir o emprego. "Por isso resolvemos prorrogar a redução do IPI", justificou Mantega.

Para o segmento de móveis, a redução vai se estender por mais três meses. O ministro disse que vai tentar reduzir também o IPI dos painéis de madeira de 5% para zero. Para o segmento de linha branca, a prorrogação vai se estender por mais dois meses. Os refrigeradores continuam com redução de 15% para 5%; fogões, de 4% para zero; máquinas de lavar, de 20% para 10% e tanquinhos, de 10% para zero.

Efeito

O ministro disse ter sido informado pelos empresários de que as vendas no setor de linha branca tiveram crescimento de 22% de janeiro a maio deste ano, graças ao benefício fiscal. Ao ser questionado se haveria consumidor suficiente para continuar comprando bens duráveis, Mantega afirmou que há novos consumidores chegando ao mercado e que a ampliação do mercado de trabalho dará conta dessa oferta. "Vamos criar 1,5 milhão de empregos neste ano", disse o ministro. Ele lembrou que metade das famílias brasileiras ainda não têm máquina de lavar roupa, por exemplo.

O ministro disse que a redução do IPI, somada à queda dos juros e dos spreads bancários e mais a ampliação da oferta de crédito deverá dar ao país condições de crescer neste ano "mais do que o do ano passado " (em 2011 o Brasil cresceu 2,7%). A última previsão de Mantega apontava para um PIB de 3,5% neste ano. Segundo o ministro, no segundo semestre o ritmo de crescimento da economia ficará entre 3,5% e 4,0%. "Não se tratada de otimismo, mas sim de realismo", disse Mantega.

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