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O espaço que o governo brasileiro tem para ampliar a tributação do setor de petróleo e se aproximar dos parâmetros noruegueses não é tão amplo quanto o Palácio do Planalto sonhava. Estimativas preliminares feitas pela equipe econômica indicam que o Brasil já pratica uma alíquota média de 60%, incluindo royalties, participações especiais, Imposto de Renda e contribuição social. Falta pouco para chegar 78% cobrados pelo governo da Noruega sobre o lucro das empresas.

Atualmente, a arrecadação do setor de petróleo rende aos cofres federais cerca de R$ 40 bilhões ao ano, sem contar os dividendos recebidos da Petrobras. Na Noruega, a receita é de 200 bilhões de coroas, o equivalente a cerca de R$ 60 bilhões anuais. O grande diferencial do governo norueguês são os lucros recebidos pela sua fatia direta nos poços de petróleo, que somam mais R$ 37 bilhões por ano.

É essa participação direta nos lucros que o governo Lula quer importar da Noruega para o Brasil, criando uma estatal para administrar as novas reservas da camada pré-sal. Atualmente, o governo norueguês é sócio das empresas de petróleo em praticamente todos os campos do Mar do Norte. Sua fatia nas parcerias varia de 5% a 58%. A média é de 27,5%.

O direito do governo da Noruega sobre os campos de petróleo precede a criação de uma estatal especial para administrá-lo, a Petoro, em 2001. Inicialmente, o direito era exercido pela Statoil, equivalente norueguês à Petrobras. Em 1985, o governo de lá criou um fundo independente da Statoil, mas administrado por ela, para receber o dinheiro referente aos "interesses financeiros diretos do Estado". Nascia o SFDI (States’s Direct Financial Interest).

É esse fundo que a equipe de Lula planeja criar no Brasil. Se ele será administrado por uma estatal ou por um escritório subordinado ao Ministério da Fazenda é um detalhe que está sendo adequado agora à reação da opinião pública brasileira e aos balões de ensaio que estão sendo testados no Palácio do Planalto. Na Noruega, a decisão de criar uma estatal foi tomada em 2001 porque a Statoil teve seu capital aberto ao setor privado.

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