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O governo vai atuar para conter o excesso de volatilidade no mercado de câmbio porque um dólar excessivamente valorizado tem potencial inflacionário, disse nesta terça-feira o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.

"O governo trabalha para ter a equação cambial com a menor volatilidade possível", disse Arno a jornalistas após audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.

"Há volatilidade internacional e no momento o governo trabalha para que essa volatilidade tenha menor impacto no Brasil", explicou. "Esse é o trabalho que vem sendo feito e continuará no sentido de que o câmbio não seja excessivamente desvalorizado porque isso tem impacto inflacionário."

No último dia 23 o Banco Central iniciou um programa de leilões cambiais diários com o objetivo de "prover hedge cambial aos agentes econômicos e liquidez ao mercado", de modo a impedir uma maior turbulência nesse mercado.

O dólar recuava ante o real nesta terça-feira, por conta de um movimento pontual de entrada de dólares, depois de operar em alta a maior parte da sessão. Desde o início de maio até o fechamento de segunda-feira, o dólar tinha acumulado uma alta de 18,6 por cento.

PRECIPITAÇÃO

Ao comentar a queda de 2 por cento na produção industrial do país em julho frente a junho, Arno classificou como precipitadas avaliações de analistas sobre a possibilidade de uma variação negativa do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre.

O recuo na produção industrial frustra expectativas de crescimento mais firme da economia, reforçando a volatilidade dos indicadores econômicos no ano.

Os comentários do secretário foram feitos após audiência na Comissão de Assuntos Econômicas do Senado, na qual a política fiscal do governo foi duramente criticada por alguns senadores, que apontaram o Tesouro Nacional como o mentor de contabilidade criativa e manobras com as contas públicas.

Em resposta às críticas, Arno disse que a avaliação dos agentes econômicos sobre a questão fiscal brasileira não é negativa.

"O mercado não acha que nossa situação fiscal está pior", disse ele, argumentando que o mercado continua comprando os títulos da dívida brasileira nas condições e com as taxas fixadas pelo governo.

Arno foi várias vezes questionado pelos senadores sobre os bilionários repasses do Tesouro para os bancos públicos, que resultam na elevação do estoque da dívida brasileira.

Em resposta, ele disse que essa política de aportes aos bancos públicos está sendo um dos fatores de melhoria dos níveis de investimento no país e que a contabilização desses gastos é feita de acordo com estatísticas internacionais.

"Existe um debate que é muito adjetivado. Eu procuro não entrar nesse debate adjetivado", disse.

Ao defender a política de repasse de recursos para os bancos públicos, o secretário disse que a dívida líquida brasileira está em queda em proporção ao PIB e que a dívida bruta está em patamar adequado, lembrando que a diferença entre os dois cálculos é a contabilização das reservas internacionais.

Em julho, a dívida líquida baixou para 34,1 por cento do PIB, enquanto a dívida bruta ficou em 59,4 por cento do PIB.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula a dívida bruta do país em nível mais alto, metodologia questionada pelo governo brasileiro.

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