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Defasagem de preços impõe prejuízos bilionários à Petrobras | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
Defasagem de preços impõe prejuízos bilionários à Petrobras| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Ao segurar reajustes de tarifas públicas, como combustíveis, energia elétrica, pedágios e transportes em geral, com a ajuda dos governos estaduais e municipais, o governo armou uma bomba-relógio, que poderá explodir no ano que vem ou no começo de 2015.

Na avaliação de especialistas, a interferência nos preços administrados terá várias consequências no futuro: aumento da inflação, redução de investimentos, queda na qualidade dos serviços prestados aos usuários e aumento dos gastos do Tesouro para cobrir as defasagens sofridas pelas empresas que prestam atendimento à população.

Para Alexandre Schwar­­tsman, consultor e ex-diretor do Banco Central, o efeito já está sendo sentido pela Petrobras e pelas prefeituras que impediram reajustes. Segundo ele, o resultado da estatal brasileira de petróleo foi prejudicado pela política de contenção do preço do combustível no mercado interno em relação ao praticado no exterior. E a suspensão dos reajustes das tarifas de ônibus, segundo ele, vai resultar em aumento substantivo dos gastos. "Não tem jeito: ou você compromete o dinheiro público, ou terá de dar um reajuste maior depois", diz Schwartsman.

De acordo com Fábio Silveira, da GO Associados, no mês passado, o preço da gasolina no mercado interno ficou 16% abaixo da cotação externa. "Em face da pressão inflacionária doméstica, eu diria que o governo vai torcer pela queda do preço do petróleo. Não vejo, no momento atual, possibilidade de o governo aumentar o preço da gasolina", comenta Silveira.

Uma conta da economista Basilik Litvac, da consultoria MCM, mostra que as últimas contenções de reajustes darão um "empurrãozinho" para baixo no IPCA de 2013 de 0,15 ponto percentual. Ela acredita que uma saída para o governo, lá na frente, será negociar reajustes menores com os setores envolvidos. "Talvez a realização de acordos possa minimizar um eventual impacto negativo na economia."

José Júlio Senna, ex-diretor do BC e chefe da área de estudos monetários da Fundação Getulio Vargas, também criticou o que chamou de "irrealismo de preços". Ele lamentou que o governo esteja tratando a inflação de forma episódica e não permanente e advertiu que esse tipo de procedimento tira credibilidade dos condutores da política econômica brasileira.

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