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Governos de países emergentes mudam suas prioridades e, três anos depois da crise financeira internacional, trocam políticas de crescimento por políticas de controle de inflação. A transformação segue a linha das recomendações do BIS de abandonar momentaneamente as políticas de promoção do crescimento.

Na Ásia, a tolerância com a inflação foi alta durante os últimos dois anos, em uma decisão de que incentivar o crescimento era a prioridade. Agora, BCs revertem essa tendência e a percepção é de que novos estímulos ao crescimento teriam efeitos negativos. "Qualquer tentativa de elevar as taxas de expansão do PIB acima de seu potencial apenas levará a maior inflação, mas não gerará nem um crescimento durável e nem ganhos na criação de postos de trabalho", afirmou Kaushik Basu, conselheiro do Ministério das Finanças da Índia, na sexta-feira passada.

Basu admite que, no curto prazo, cortar a inflação pode ter um impacto negativo para o crescimento. Mas essa seria a única forma de promover um crescimento sustentável. "A economia indiana está operando no limite de sua capacidade. Não acho que devemos explorar um crescimento maior, sacrificando a inflação", disse.

Na Coreia do Sul, uma avaliação do governo admitiu que a economia enfrenta uma "persistente" inflação, mesmo diante das medidas de controle. Em abril, a taxa de inflação foi de 4,7%, no quarto mês consecutivo de alta gerada pela elevação nos preços de commodities agrícolas e petróleo. Assim como ocorreu na Índia, o governo de Seul mudou sua prioridade. No lugar de promover o crescimento da economia, passou a focar o controle da inflação.

Multas

Na China, o governo chegou a punir empresas que estejam "incentivando" os temores inflacionários. A Unilever foi multada em US$ 300 mil por "espalhar informações sobre a alta nos preços". Pequim registrou no mês de março uma inflação de 5,4%, a maior em 32 meses. A alta havia sido gerada por um aumento de 11% nos preços de alimentos. O governo anunciou que o controle da inflação passou a ser prioridade e, desde outubro, elevou a taxa de juros em quatro oportunidades.

Politicamente, a inflação é considerada como uma ameaça na China, já que poderia minar os ganhos econômicos para a classe média, que acaba sendo a base de sustentação política do governo. Pequim estabeleceu que empresas estão proibidas de falar em público sobre a inflação. As autoridades temem que isso leve a uma espiral, aprofundando ainda mais a crise. Na avaliação do Banco Mundial, a inflação na China em 2011 ficará em 5%, um ponto porcentual acima da meta.

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