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Perto de 1,4 milhão de sacos de semente de soja (50 quilos) são dispensados anualmente pelo plantio comercial no Paraná por causa da pirataria e do uso de grãos sem registro. A informação é da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem), que observa aumento no uso de grãos ilegais. Depois de tratada, a semente é rejeitada também pela indústria e retorna aos fornecedores.

O número surge da comparação entre a quantidade de semente necessária para cobrir a área destinada à soja (entre 3,5 e 4 milhões de hectares) e o número de sacos de grãos registrados vendidos. A diferença é de 3,5 milhões para 2,1 milhões de sacos.

A produção de semente já trabalha com uma margem de sobra, que acaba sendo ampliada pela ilegalidade, afirma o diretor executivo da Apasem, Eugênio Bohatch. "Produzimos 4 milhões de sacos para um consumo de 3,5 milhões, mas 40% das lavouras são cultivadas com grãos ilegais e as vendas ficam em pouco mais de 2,1 milhões de sacos." Ele conta que esse índice – que é uma estimativa – aumentou nos últimos anos. "Cinco anos atrás, mais de 80% das sementes plantadas eram registradas. Hoje, só 60%."

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) usa o índice de 40% como referência e considera que o aumento de 177% nas apreensões de semente ilegal neste ano não reflete, necessariamente, ampliação da ilegalidade. "Temos mais recursos e conseguimos apreender 500 mil sacos. Em 2004, quando houve falta de verbas, foram apreendidos 134 mil", compara o chefe de Fiscalização Agropecuária do Mapa no Paraná, Scylla Cezar Peixoto Filho.

A investida contra a pirataria distorce o que ocorre no campo, afirma o assessor técnico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) Silvio Krinski, engenheiro agrônomo que acompanha as discussões sobre o problema. Ele afirma que o uso de semente ilegal tem variado menos do que parece e é mais comum em regiões como Sudoeste e Norte por falta de variedades adaptadas a condições específicas de produção que variam de acordo com o solo, o clima, a altitude. O uso de semente pi-rata está ligado ainda a questões culturais e à própria disponibilidade de recursos para compra do grão registrado, considera.

Um saco de semente pirata custa entre R$ 10 e R$ 15 a menos que o de grão registrado, contam produtores do Sudoeste. O preço do produto sem registro fica cerca de R$ 10 acima da cotação do grão destinado à indústria, que ontem estava em R$ 36,35 o saco (60 quilos), conforme a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab).

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