Na consulta que será realizada no domingo, os cidadãos terão que optar entre o respaldo ao projeto de acordo apresentado pelas instituições no Eurogrupo na quinta-feira passada e sua rejeição| Foto: Yannis Kolesidis/Efe

A Grécia não vai pagar a parcela de 1,6 bilhão de euros devida ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que tem prazo até terça-feira (30), disse à agência de notícias Reuters uma autoridade do governo grego nesta segunda-feira (29).

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Apesar da pressão feita pela oposição e pelas associações empresariais, que temem que a Grécia saia da zona do euro, o governo grego mantém também o planejamento do plebiscito do próximo domingo sobre a proposta de acordo dos credores e sua recomendação ao “não” à população.

A possibilidade cada vez mais palpável de que o calote ocorra derrubou as bolsas europeias e asiáticas nesta segunda-feira.

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O ministro do Trabalho grego, Panos Skurletis, ressaltou em entrevista à emissora “Skai” que o objetivo do governo é “reiniciar a negociação com um mandato mais amplo”, o que só será conseguido com uma rejeição à proposta oferecida.

Skuerletis alertou que em caso de vitória do “sim”, “será dado um fim à negociação” com os credores. A chanceler alemã Angela Merkel descartou nessa segunda-feira a possibilidade de realizar uma reunião de emergência da cúpula europeia antes do plebiscito.

Grécia acorda em choque com bancos fechados após convocação de referendo

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, anunciou em discurso televisionado no domingo à noite controles de capital para impedir que os bancos quebrassem sob o peso de saques em massa

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Contra o acordo

Na consulta que será realizada no domingo, os cidadãos terão que optar entre o respaldo ao projeto de acordo apresentado pelas instituições no Eurogrupo na quinta-feira passada e sua rejeição. O governo pediu votos em massa ao “não”.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu, no entanto, que a população votasse pelo sim.

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“No dilema entre a submissão (aos credores) e o ‘Grexit’ (saída da zona do euro), a Grécia escolheu lutar por mais democracia na União Europeia e em nosso país”, declarou à televisão pública grega o ministro das Relações Exteriores, Nikos Kotzias, que disse que “a Grécia não tem a intenção de abandonar a zona do euro, mas também não quer aceitar a submissão”.

O ministro da Energia e líder da ala radical do Syriza, Panayotis Lafazanis, denunciou que “nunca um país foi alvo de tamanha chantagem pelos centros de poder euroatlânticos” e pediu que o povo “conteste com um ‘não’ às propostas de exterminação de seus filhos”.

Veja o que pode acontecer com a Grécia após anúncio de referendo

O plano do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, de realizar um referendo no dia 5 de julho sobre as exigências de austeridade dos credores praticamente acabou com as conversas por ajuda, deixou o país perto do default e de uma crise financeira que pode abrir caminho para uma saída da zona do euro.

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A favor

O prefeito de Atenas, o independente Yorgos Kaminis, anunciou uma campanha a favor do ‘sim’ com o apoio do prefeito de Salonica, o também independente Tanis Butaris.

Em declarações à “Skai” o prefeito de Atenas classificou o plebiscito como “uma vergonha para a democracia” porque “o documento sobre o qual supostamente se vota, na realidade não existe”. Com isso, disse que o texto do acordo deixará de ter validade a partir de quarta-feira, dia em que Grécia já não estará no resgate, cuja prorrogação vence amanhã.

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“Votaremos ‘sim’, não porque aceitamos um acordo qualquer, mas porque queremos manter o país na Europa”, ressaltou Kaminis.

O presidente da Associação de Comerciantes de Atenas, Panayis Karelas, alertou em declarações à imprensa local que a atitude do governo coloca em risco a permanência da Grécia na zona do euro.

“Após cinco meses de negociações sem resultado que afundaram a economia, o governo pede para o povo decidir com um ‘sim’ ou com um ‘não’ sobre o futuro do país e põe em risco sua permanência digna na zona do euro”, destacou Karelas.

Ganhadores do Nobel de Economia acham que Grécia deve dizer não a acordo

Os prêmios Nobel de Economia, os americanos Paul Krugman e Joseph Stiglitz, se expressaram nesta segunda-feira (29) a favor do “não” no referendo que a Grécia realizará em 5 de julho para decidir se o país aceitará a proposta de acordo apresentada pelos credores internacionais.

“Votaria não”, disse Krugman, muito crítico às receitas de ajuste fiscal aplicadas na Europa para sair da crise, em artigo publicado nesta segunda no “New York Times”.

“Em primeiro lugar, sabemos que uma austeridade ainda mais dura é um beco sem saída, após cinco anos a Grécia está pior do que nunca. Segundo, muito e talvez o pior do temido caos pela saída da Grécia da zona do euro já aconteceu. Com os bancos fechados e a imposição dos controles de capital, não há muito mais prejuízo a acontecer”, indicou Krugman, de 62 anos.

O Nobel de Economia de 2008 e professor aposentado da Universidade de Princeton assinalou que a proposta dos credores internacionais, conhecidos como “troika” (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) pretendem “continuar indefinidamente as políticas dos últimos cinco anos”.

No mesmo sentido, embora com um pouco mais de cautela, se expressou Stiglitz, ex-economista-chefe do Banco Mundial (BM) e professor na Universidade de Columbia de Nova York. “Um voto do sim significaria uma depressão quase sem fim. Um voto pelo ‘não’ abriria pelo menos a possibilidade de a Grécia, com sua forte tradição democrática, possa agarrar seu destino com suas próprias mãos”, apontou o Nobel de Economia de 2001.

Desta maneira, acrescentou Stiglitz, de 72 anos, “os gregos poderiam alcançar a oportunidade de moldar um futuro que, embora talvez não tão próspero como no passado, seja muito mais promissor do que a inconsciente tortura do presente”.

Na consulta que será realizada no próximo domingo, os gregos deverão optar entre apoiar ou rejeitar o projeto de acordo apresentado pelas instituições no Eurogrupo da última quinta-feira.