Brasília - O desconto em folha dos dias parados pelos trabalhadores dos Correios que aderiram à greve foi o que impediu o fechamento de um acordo entre o sindicato da categoria e a estatal ontem. O presidente da empresa, Wagner Pinheiro, disse que, em reunião ontem no Ministério Público do Trabalho, as negociações chegaram a avançar, mediante a contraproposta apresentada pela estatal. Os Correios decidiram pagar um abono de R$ 500 e um aumento de R$ 80 a partir de janeiro, em substituição à proposta inicial, que previa um abono de R$ 800 e uma parcela fixa de aumento no salário de R$ 50. No entanto, o sindicato se retirou da mesa de negociações, segundo Pinheiro, quando a estatal abordou o corte do ponto de quem aderiu à greve. "Lamentamos eles terem tomado a iniciativa de ir para a Justiça. Não descontar [os dias parados] não tem condição", afirmou o presidente da estatal.
Alguns sindicatos regionais já entraram com ações na Justiça com o objetivo de impedir o desconto dos dias parados, mas as decisões da Justiça não são unânimes. Na Paraíba, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicação Postais, Telégrafos e Similares (Sintec-PB) obteve liminar para que não haja corte de ponto, nem de vale-transporte e vale-alimentação dos grevistas. Os Correios já recorreram da decisão. No Rio Grande do Sul, porém, o pedido do sindicato foi indeferido.
Segundo Pinheiro, a empresa até se dispôs a fazer o desconto dos dias parados de forma parcelada, mas o sindicato foi irredutível. "Reconhecemos o direito de greve dos trabalhadores, mas a empresa tem também o direito de efetuar o desconto", disse.
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