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O financiamento para habitação continua crescendo no país – 1,4% em setembro sobre agosto e 35,1% em 12 meses | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
O financiamento para habitação continua crescendo no país – 1,4% em setembro sobre agosto e 35,1% em 12 meses| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

20% do aumento das taxas para o consumidor, apenas, pode ser creditado à greve dos bancários, segundo a economista Mariana Oliveira, da consultoria Tendências. Para ela, os maiores responsáveis pela alta nos juros das operações em setembro são os próprios bancos, incentivados pelo novo ciclo da Selic.

Ao se depararem no mês passado com os bancos fechados por causa da greve, os correntistas dos bancos acabaram apelando para modalidades mas caras de crédito, apontam dados divulgados ontem pelo Banco Central.

O saldo de operações com cheque especial, por exemplo, cresceu 4,3%, maior expansão entre as modalidades disponíveis para os consumidores. O rotativo do cartão, no qual entram saques e faturas que não foram pagas na data, teve o segundo maior crescimento, de 2,8%. Nos meses anteriores, essas linhas vinham crescendo a uma taxa mensal de 1%.

Os números mostram também que, em setembro, a taxa de juros do crédito livre subiu pelo quarto mês seguido, para 37,2% ao ano, maior porcentual em 17 meses. Esse movimento reflete a elevação da taxa de juros básica da economia, a Selic, para 9,5% ao ano. As taxas podem ter sido influenciadas também pelo fato de os clientes haverem contratados empréstimos mais caros.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que a greve reforçou a tendência de crescimento moderado do crédito. Em setembro, o saldo das operações de crédito aumentou 0,8%, o que é uma taxa menor do que a observada em meses anteriores. "É uma expansão moderada, em ambiente de estabilidade de inadimplência e de elevação das taxas de juros, em linha com o ciclo de aperto monetário."

Ele reconheceu, também, que os clientes tiveram mais dificuldade de acessar as linhas de crédito com juros mais baixos, como o consignado e o imobiliário. A contratação desses empréstimos dependem da ida das pessoas aos bancos.

A inadimplência voltou a subir, de 3,2% para 3,3%, depois de cair por três meses seguidos, mas ainda está nos menores patamares em três anos. Em tese, o mês de outubro poderá apresentar os mesmos reflexos, uma vez que a greve se estendeu até o dia 11.

Contraponto

O presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, afirmou que a greve não é a principal explicação para a alta dos juros e a desaceleração do crédito. "Nem todas as transações eletrônicas, na internet ou nos caixas, são exclusivamente para cheque especial". Para o líder sindical, a intenção dos bancos públicos de tirar o pé do acelerador e a trajetória de aperto monetário explicam melhor os dados de setembro.

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