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Adesão à greve nos bancos públicos foi grande ontem: nos privados, participação foi menor | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Adesão à greve nos bancos públicos foi grande ontem: nos privados, participação foi menor| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Em dois anos, 5 mil bancários foram demitidos

Apesar de ganhos salariais sucessivos nos últimos dez anos (18,3% de ganho real entre 2004 e 2013), a categoria de bancários vem reduzindo no país. Segundo estudo recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o número de trabalhadores nos seis maiores bancos está em queda desde 2012.

Foram fechados quase 5 mil postos de trabalho entre junho de 2013 e junho de 2014. Na soma, Santander, Bradesco, Itaú, HSBC e Banco do Brasil registraram mais de 9 mil vagas a menos. Fez diferença na conta as mais de 4,1 mil vagas abertas pela Caixa, que passou a ter mais funcionários efetivos do que o Bradesco, o maior banco privado do país.

A categoria decidiu entrar em greve no fim de semana, depois de recusar a proposta da Federação Nacional de Bancos (Fenaban), de 7,35% de reajuste salarial e de 8% para os pisos. Os bancários pedem 12,5% de reajuste e piso de R$ 2.979,25, conforme salário mínimo sugerido pelo Dieese, e vale-alimentação, refeição e auxílio-creche de R$ 724, além de plano de cargos e carreiras e fim de metas consideradas abusivas.

Procon

O Procon-PR informou ontem que vai conversar com a diretoria do Sindicato dos Bancários e com os bancos para que problemas de atendimento que o consumidor enfrentou na greve de 2013 não se repitam – entre eles, a falta de envelopes para depósitos nas agências, uma vez que o serviço deve ser mantido. "Na greve passada, conversamos com os bancos e com o sindicato e um jogava o problema para o outro, mas conseguimos equacionar", diz Claudia Silvano, diretora do Procon-PR.

O primeiro dia da greve dos bancários no Paraná foi marcado por mais agências fechadas do que no início da paralisação do ano passado, também ocorrida no fim de setembro. Ao todo, segundo o Sindicato dos Bancários, 397 bancos não abriram ontem contra 375 em 2013. A maioria nas regionais de Curitiba e região (RMC), Londrina, Apucarana, Arapoti, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Guarapuava, Paranavaí e Umuarama. Em Toledo, a greve deve ser definida hoje em assembleia.

Na RMC, a adesão também foi grande. Há um ano, a paralisação começou com 145 das então 532 agências da região fechadas (27%). Ontem, ainda segundo o sindicato, 165 agências não funcionaram (31%). Em 2012, 49% das agências foram fechadas no primeiro dia. Os bairros de Curitiba com mais bancários parados são Centro, Centro Cívico e Batel, de acordo com os sindicalistas, que não divulgam quais agências estão fechadas.

Na região de Londrina, metade das instituições bancárias não atendeu aos clientes ontem. Segundo o sindicato da região, das 149 agências em Londrina, Cambé, Rolândia e Ibiporã, 74 não funcionaram.

O comando de greve prevê uma participação ainda maior nos próximos dias. No ano passado, o número de agências fechadas passou para 50% já no segundo dia. De acordo com um dos diretores do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Antônio Luiz Firmino, a adesão neste ano já foi quase total nos bancos estatais – Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – e em agências da região central de Curitiba. Em bancos privados, com destaque para Itaú e Bradesco, agências foram mantidas abertas nos bairros. Em alguns casos, como nas agências do Bradesco nos bairros Bacacheri e Bairro Alto, não havia faixas nos prédios relacionadas à paralisação.

Pagamentos

Também houve agências em que a gerência se dispôs a resolver problemas urgentes, em especial os relacionados a pagamentos de benefícios. Uma situação atípica, porém, ocorreu na agência do Banco do Brasil no Alto da XV, em que o gerente geral se dividiu para orientar clientes no autoatendimento e tentou resolver problemas com cartões bloqueados de aposentados. "É o que a minha função pede, não faz sentido deixar para terceirizados fazerem", comentou ele, citando os funcionários de caixas eletrônicos.

Em agências da Caixa e do BB visitadas pela Gazeta do Povo, os terceirizados estavam trabalhando normalmente. Mas havia exceções – caso de uma agência do BB no Bacacheri, que estava vazia, inclusive sem grevistas. O sindicato garante ter conversado com gerentes sobre a necessidade de manter pessoal orientando a população. Segundo Firmino, os aposentados cujo pagamento do benefício está marcado para hoje terão atendimento normal na Caixa, desde que possuam o cartão para saque. "Quem não tem pode ter problemas, mas acredito que não seja nem 5% dos aposentados", diz.

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