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Os produtores de trigo e os moinhos brasileiros querem decidir durante este mês a briga contra os subsídios argentinos. Eles alegam que a Argentina ameaça a já enfraquecida cadeia produtiva nacional e põe em risco a segurança alimentar do Brasil. A principal cobrança é a ampliação das alíquotas de exportação do país vizinho antes do plantio do trigo no Brasil, que ganha força a partir de abril.

Entre outubro de 2006 e janeiro, a Argentina reduziu de 20% para 10% o imposto sobre exportação do trigo em grão e de 10% para 5% o valor cobrado sobre a exportação de pré-mistura de trigo. Além disso, fixou o preço pago pelos moinhos do país em US$ 120 a tonelada, na tentativa de controlar a inflação. Com isso, produtores e moinhos brasileiros perderam competitividade.

Os governos dos dois países discutem o assunto desde o início do ano e terão nova rodada de negociações em março. Depois de um encontro sem definições na Argentina, o debate terá o segundo round no Brasil. Enquanto a Casa Rosada não recua, o Palácio do Planalto não descarta a criação de uma tarifa sobre a importação de trigo.

A discussão é alimentada pelos argumentos que partem principalmente dos moinhos brasileiros. O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Samuel Hosken, defende que, se não houver acordo, o Brasil deve criar um imposto ou levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).

A redução dos impostos na Argentina faz o trigo chegar ao Brasil mais barato, o que, teoricamente, beneficia o consumidor. A tonelada do cereal em grão argentino ainda está mais cara que a do brasileiro, com diferença de R$ 10 a R$ 30 por tonelada. A tonelada da farinha pronta começa a ficar mais barata, com preços de 5% a 10% abaixo dos nacionais, segundo a Abitrigo.

Segundo Hosken, o problema vai além dos números. Os moinhos argentinos, que têm vantagem de US$ 70 por tonelada de grão, estariam mantendo preços mais baratos temporariamente. A intenção seria elevar os preços da farinha à medida que a indústria brasileira for enfraquecida e a dependência, ampliada. Para o presidente da Abitrigo, o risco a longo prazo é de imposição de preços e caos no fornecimento. "Se pararmos de produzir farinha, colocamos em risco nossa própria segurança alimentar." O Brasil colheu menos de um terço do trigo que consumiu no ano passado.

O Paraná produz metade do trigo nacional e tem condições de colher ainda mais, afirma o analista técnico-econômico Robson Mafioletti, que participa das discussões com o governo em Brasília como representante do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento, no último ano, o estado cultivou 50,05% da área nacional de 1,758 milhão de hectares dedicada à triticultura, e colheu 50,46% da produção, de 2,23 milhões de toneladas.

Além das negociações com a argentina e da possível criação de um imposto sobre a importação de trigo, os produtores querem redução na taxa anual de juro do financiamentos para custeio do trigo, que é de 8,75%. "O juro cobrado dos produtores agrícolas deveria ser inferior à inflação", argumenta Mafioletti. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de 2006 ficou em 3,16%.

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