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Selma teve de deixar a mãe no consultório para ir a um posto da Unimed | Fabiane Ziolla Menezes/ Gazeta do Povo
Selma teve de deixar a mãe no consultório para ir a um posto da Unimed| Foto: Fabiane Ziolla Menezes/ Gazeta do Povo

Pano de fundo

Medicina baseada em evidências

Em um segundo plano, o novo sistema da Unimed Curitiba abre caminho para uma aplicação mais rotineira do que os médicos chamam de "medicina baseada em evidências" – o tratamento que segue determinado protocolo e que evita a prescrição de remédios, exames ou procedimentos que não têm eficácia garantida. Ao liberar a solicitação de um exame no sistema, o corpo médico da operadora responsável por avaliar a pertinência do procedimento também conseguirá avaliar se o pedido, assim como a sequência de consultas feitas pelo paciente-cliente, segue o caminho padrão para a investigação ou tratamento de determinado problema de saúde.

Interatividade

Você, cliente da Unimed Curitiba, já testou o novo sistema de guias eletrônicas? Teve alguma dificuldade?

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As primeiras 48 horas de uma mudança profunda no processo de solicitação e liberação de exames da Unimed Curitiba não correram muito bem. Desde quinta-feira, dia 1.º março, as guias impressas de solicitação de exames e procedimentos da Unimed Curitiba, velhas conhecidas dos quase 540 mil clientes da cooperativa médica na capital do estado, estão sendo substituídas por solicitações eletrônicas. O mesmo sistema que registra hoje a consulta do cliente da operadora passará a ser usado, gradualmente, para o pedido de testes e procedimentos médicos ainda nos consultórios médicos.

Mesmo com a capacitação de mais de mil secretárias ao longo do mês de fevereiro para a operação do novo sistema, no entanto, muitos consultórios não conseguiram efetuar a liberação de exames pelo Autorizador Eletrônico, nome dado ao novo sistema. Os clientes que chegaram com a guia de impressa de sempre aos laboratórios foram surpreendidos ao ouvir dos funcionários que eles não poderiam liberar exames que normalmente seriam autorizados no próprio local, como os hemogramas. A tarefa agora é dos médicos e da própria Unimed Curitiba.

As duas situações fizeram os postos de atendimento da operadora ter mais movimento, mas ainda dentro da capacidade de atendimento. A assistente social Selma Jussara Rocha, 56 anos, teve de deixar a mãe, de 94 anos, esperando por ela no consultório enquanto correu até o posto do bairro Alto da XV para liberar os exames. "A secretária não conseguiu liberar os procedimentos pelo novo sistema e eu tive de vir aqui", lamenta.

A ANS não sabe dizer quantos planos de saúde já implantaram algo parecido ao Autorizador Eletrônico da Unimed Curitiba e nem quando será possível divulgar mais informações que melhorem a competitividade do setor aos consumidores brasileiros.

A Unimed Curitiba, por meio de sua assessoria de imprensa, disse, ainda na quinta-feira, que espera por eventuais dificuldades e resistências – "naturais de qualquer mudança" – e lembra que a obrigação de preencher a codificação de exames nas guias de solicitação sempre foi dos médicos, embora na prática secretárias e a própria operadora "deem uma ajuda" para completar os pedidos por escrito.

Prestadores de serviço ganham mais tarefas

As mudanças que começaram nessa quinta-feira precisam da adesão gradual dos prestadores de serviços que atendem a Unimed Curitiba, começando em uma primeira etapa pelos consultórios médicos. "O objetivo principal do novo sistema é reduzir as idas dos clientes aos pontos de atendimento da Unimed Curitiba. Para o novo esquema também aumentamos a gama de exames que não precisam mais de liberações presenciais pela operadora, como ecografias, tomografias e ressonâncias magnéticas", explica o supervisor do setor de Análises Médicas e Liberações da Unimed Curitiba, José Alex Pereira.

Não há prazo ou meta para que os prestadores de serviço comecem a trabalhar com a novidade. A única decisão tomada até o momento é que os hospitais ficam de fora e continuam a trabalhar com as guias impressas de sempre. Ainda na semana anterior à inauguração do sistema, a Fehospar (federação dos hospitais) havia pedido que a Unimed Curitiba deixasse os hospitais de fora. A confirmação foi recebida pela entidade na quinta-feira. "Ao passar para o prestador, no caso ao pessoal administrativo dos hospitais, a tarefa de solicitar e liberar os exames no sistema, a operadora nos deixaria com mais um ônus, uma mão de obra extra, que não estamos preparados para absorver e com a qual não faturaríamos nada", explica a gerente geral do Hospital Cardiológico Constantini, Márcia Rangel.

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