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Crise energética

Há um ano, Petrobras alertou governo sobre crise do gás

Cartas trocadas entre autoridades energéticas mostram que falhas eram previstas. Deslocamento de gás para abastecer usinas termelétricas era exigência do governo

O Brasil assistiu, nesta semana, às conseqüências de uma crise que tinha sido anunciada. No ano passado, a Petrobras alertou o governo sobre o risco de um corte no fornecimento de gás natural. É o que revela o conteúdo de correspondências de autoridades do setor energético.

As cartas foram escritas pelo presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, o ex-diretor de gás e energia da empresa, Ildo Sauer, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica, Gerson Kellman.

A troca de correspondências, como mostrou ontem o Jornal da Globo, começou em 2006, com a discussão sobre a possibilidade de enviar gás natural para as usinas termelétricas e evitar falta de energia no país em caso de queda no nível dos reservatórios.

Prejuízo ao consumidor

Em setembro do ano passado, o presidente da Petrobras alertou o ministro de Minas e Energia. "O atendimento de demanda acima dos volumes implicaria em cortes de consumo Petrobras e do consumidor industrial". Em março deste ano, o ex-diretor de gás e energia reforçou:

"O deslocamento do gás natural para atender usinas termelétricas provocaria uma desorganização do mercado de gás natural com prejuízos para a sociedade, que voltaria a consumir combustíveis mais caros", diz trecho da carta.

O então ministro de Minas e Energia cobrou do presidente da Petrobras um plano de expansão da oferta de gás para o abastecimento de usinas termelétricas e disse que não poderia admitir nenhuma fragilidade num momento em que o governo buscava aceleração do crescimento do país.

Em abril, o fornecimento de gás para termelétricas virou obrigação, de acordo com termo de compromisso assinado pelas autoridades. Só que nesta carta, Gabrielli deixou claro o descontentamento com a medida.

Jose Gabrielli escreveu: "a Petrobras está empenhada em cumprir os compromissos, apesar de questionamentos, sobre obrigações legais e contratuais". E acrescentou: "os cronogramas acordados estão fora do controle e da ação da Petrobras".

Socorro vizinho

No momento que o Brasil precisava de gás, a Argentina pediu ajuda ao rpesidente Lula. E o presidente da Petrobras relatou A aAneel., Diante da crise da Argentina, a Petrobras reduziu a quantidade de gás importado da Bolívia.

A medida permitiu que os bolivianos enviassem mais gás para a Argentina.

Ele termina a carta pedindo a revisão do termo de compromisso. A Petrobras foi multada, entrou com recurso, e nos últimos dias, tirou gás das distribuidoras para enviar às usinas termoelétricas, como previsto há um ano.

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