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Há anos a palavra "hacker" é associada no Brasil a crimes digitais e a ataques a sistemas e indivíduos vulneráveis online, características que, segundo profissionais de tecnologia da informação, pertenceriam aos crackers - autores de roubos eletrônicos de dados e de quebras de sistemas. Na semana em que o mundo da tecnologia comemora o Dia Internacional de Segurança em Informática (DISI, dia 30 de novembro), especialistas defendem que a atividade "hacking" deve ser aplicada para incentivar melhorias em softwares e para identificar falhas de segurança na infra-estrutura de redes e de sistemas de tecnologia da informação (TI), dentre outras utilidades.

- O hacker, em geral, é uma pessoa que gosta de informática, que gosta de aprender profundamente sobre tecnologia e segurança da informação. Isso não tem a ver com criminoso, cuja nomenclatura específica é 'cracker' - afirmou o hacker Rodrigo Branco, engenheiro de software de uma importante multinacional de tecnologia e um dos organizadores do "Hackers 2 Hackers Conference" (H2HC), evento sediado no Brasil na última semana pelo terceiro ano consecutivo.

Segundo Branco, quando a imagem do hacker é difundida negativamente pela opinião pública, o Brasil perde a oportunidade de promover a troca de experiências sobre vulnerabilidades e de provar que não abriga apenas criminosos digitais.

- Para as empresas, o hacking incentiva a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de segurança nacionais, além de alertar os profissionais que trabalham nestas empresas para os riscos relacionados ao uso da tecnologia da informação - afirmou Branco.

O ponto de vista do especialista já foi anteriormente defendido por personalidades - como o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que em maio deste ano apoiou a atividade "hacking" em evento em Barcelona. Um dos organizadores do H2HC, Domingo Montanaro, apóia Branco e explica que as empresas internacionais fazem o uso de hackers para desvendar e ajustar falhas de segurança em seus sistemas e que a atividade é reconhecida pelo board das companhias - o chamado "hacker corporativo".

- Quanto mais as pessoas leigas tomam conhecimento da cultura hacker, mais as falhas de segurança são expostas e mais freqüentemente as empresas têm a necessidade de melhorar seus produtos. É um empurrão que a gente dá para tornar os ambientes mais seguros, ação que beneficia até o usuário final, que não entende o que é hacking mas faz uso da internet, por exemplo - explicou Montanaro, que trabalha como hacker e perito em crimes digitais em um dos maiores bancos brasileiros.

O especialista explicou ainda que o "hacker corporativo" tem como função invadir o sistema da empresa em que trabalha e rastrear crimes digitais com intensidade suficiente para identificar vulnerabilidades e provocar o aumento da segurança dos sistemas.

- Tive diversas oportunidades de migrar para o mundo do crime porque o hacker tem um conhecimento muito valioso, mas nunca passei para o chamado 'lado negro da força' - ironiza.

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