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Henrique Meirelles volta à alta cúpula do Planalto cinco anos após ter deixado a presidência do Banco Central: ele é peça-chave na estratégia do governo para reerguer a economia. | Andressa Anholete/AFP
Henrique Meirelles volta à alta cúpula do Planalto cinco anos após ter deixado a presidência do Banco Central: ele é peça-chave na estratégia do governo para reerguer a economia.| Foto: Andressa Anholete/AFP

Henrique Meirelles já é um velho conhecido do cenário econômico brasileiro. Nomeado pelo presidente em exercício Michel Temer (PMDB) para comandar o Ministério da Fazenda, ele volta à alta cúpula do Planalto cinco anos após ter deixado a presidência do Banco Central e se torna a peça-chave e a esperança do governo de reerguer a economia. E ele retorna com o mesmo objetivo de 13 anos atrás: reconquistar a confiança do mercado.

São várias as razões que ajudam a explicar o porquê de Meirelles ter se transformado no porto seguro de investidores neste momento tão delicado da política nacional. A principal delas é já ter feito algo semelhante no passado durante o primeiro mandato de Lula. Nos oito anos em que esteve à frente do BC, o mais longevo da história da instituição, Meirelles não poupou medidas para controlar a economia e segurar os gastos públicos.

Vaidoso e midiático

Com passagem pelo PMDB e hoje filiado ao PSD, Henrique Meirelles chegou a ser cogitado para assumir a Fazenda nos últimos meses de Dilma Rousseff, muito por indicação de Lula. Mas, no fim, perdeu a posição para Joaquim Levy. Descrito como alguém vaidoso e midiático, Meirelles já começa sua gestão roubando a cena. Ele deve ser um dos nomes fortes do governo Temer — com quem, ironicamente, disputou a vaga de vice-presidente de Dilma em 2010.

E tudo indica que, na gestão Temer, as coisas não serão diferentes. Em seu primeiro dia à frente da pasta, o novo ministro deu sinais de que o remédio para contornar a crise pode ser amargo. Defendendo corte de “privilégios” a empresas, reformas tributárias e mudanças na Previdência, Meirelles repete a fórmula que utilizou em 2003, quando chegou ao Banco Central aumentando a taxa básica de juros para colocar as contas em dia. Na época, a pancada foi forte, mas os resultados não tardaram a aparecer, seja com o controle da inflação ou com a passagem quase incólume do Brasil pela crise de 2008 que atingiu com força outros países.

Experiência

Parte dessa postura conservadora e pragmática vem de seu próprio histórico profissional. Formado em Engenharia e Administração, o goiano de 71 anos começou sua carreira no BankBoston, onde permaneceu por 28 anos e se tornou presidente global da instituição. Esteve à frente também do Conselho de Administração da J&F Investimentos e participava do conselho da Azul Linhas Aéreas. Dessa experiência com o mercado, trouxe uma visão mais prática, priorizando resultados.

Em 2002, filiou-se ao PSDB e foi eleito deputado federal pelo seu estado, mas não chegou a assumir, uma vez que foi chamado para fazer parte do governo Lula quando este finalmente chegou ao poder. A entrada de Meirelles no mandato petista é, inclusive, uma clara demonstração de como, no seu caso, economia e política muitas vezes se misturam. Quando o mercado financeiro reagiu mal à eleição de Lula, abriu mão do mandato e da legenda tucana para fazer com que sua nomeação trouxesse credibilidade ao governo que começava.

“Endireitamento”

Não por acaso, ele é considerado, ao lado do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, um dos responsáveis pelo “endireitamento” da primeira gestão Lula na parte econômica, algo que era alvo de críticas do próprio PT — e de elogios da oposição. No governo Temer, acredita-se que vá tentar gerenciar as duas frentes: de um lado, ajustar as contas, e do outro, adotar essas medidas de modo politicamente viável.

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