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Filho de uma dentista e um professor de química, Rodrigo Miranda atribui ao avô espanhol, que tinha um pequeno engenho de arroz em Porto Alegre, a herança genética do empreendedorismo. Miranda demonstra ter um grande carinho pelo "abuelo", que ainda hoje lhe escreve cartas hilárias para manter a conversa em dia. "Somos muito parecidos, até fisicamente", diz o neto.

O dono do Vininha deu seus primeiros passos na área "profissional" aos 9 anos: recortava figurinhas de personagens de desenhos infantis e, com a ajuda de papel "contact", criava adesivos para vender aos colegas de escola. Aos 13, contou com a ajuda do "abuelo" pela primeira vez: tirava do pomar dele as frutas que vendia pela vizinhança do bairro Higienópolis, de Porto Alegre. "Depois, as velhinhas me convidavam para experimentar os doces que preparavam com as frutas."

Cinco anos mais tarde, no Exército, Miranda ganhou o apelido de "Salim" por conta de sua habilidade como comerciante. Acordava às quatro da manhã para preparar salsichas enroladas por massa de pastel e vendia aos colegas que moravam no alojamento do quartel. Pode-se dizer que as vininhas de hoje são fruto de um aperfeiçoamento considerável da receita. "Vendia só no alojamento, porque na cantina era proibido, o comandante não ia gostar", diz ele, aos risos. Mas quem acabou com a brincadeira não foram seus superiores no Exército, e sim os de casa. "Chegou uma hora em que minha mãe proibiu. Ela não agüentava acordar e ver, todo dia, aquela bagunça na pia e o cheiro de fritura impregnado na cozinha."

Quando abriu o Vininha, trabalhava por 14 horas diárias, literalmente com a mão na massa. Mas agora, aos 30 anos e mais tranqüilo, Miranda aproveita muito bem seus momentos de folga. Gosta de tocar violão em festas com os amigos – seu repertório tem "mais ou menos 600 músicas, de rock e bossa nova a música sertaneja" – e fez um curso de degustação para melhor apreciar os prazeres do vinho, do qual já fala com certa propriedade.

Miranda lamenta apenas que, ultimamente, esteja "meio sedentário": de futebol, só os jogos da Copa do Mundo e do time do coração, pela tevê. "Estamos com um time bom, até", conta ele, gremista de ficar rouco nas partidas mais emocionantes. "No dia em que o Grêmio ganhou a Segunda Divisão, saímos eu e um amigo meu, de carro e com uma bandeira, gritando pela Rua República Argentina. Só nós dois na rua, comemorando como doidos."

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