Rio Paraná, em Guaíra, se cruza com o trajeto de futura ferrovia. Sugestão seria criar na região um porto intermodal, ligando hidrovia, estrada e ferrovia| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Fase de Estudos

Capacidade máxima de cargas na bacia paranaense pode triplicar

Estudos preliminares contratados pela Administração da Hidrovia do Paraná (Ahrana) apontam que a capacidade máxima de transporte de cargas nos rios da bacia anualmente podem saltar dos atuais 12 milhões de toneladas para 19 milhões de toneladas – hoje, só cinco milhões toneladas são transportadas ao ano. De acordo com o representante do consórcio de empresas responsável pelo estudo, Ruy Lopes, com a expansão da malha, ela serviria diversas regiões do país e o Mercosul. "A hidrovia não é o modelo ideal para todas as cargas, mas pode baratear o transporte de muitas delas", diz. O transporte de cargas pode ser até dez vezes mais barato que em caminhões e três vezes mais em conta que em trens.

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R$ 140 bilhões estão previstos em todos os projetos do Programa de Investimentos em Logística (PIL). Hidrovias, porém, ficaram fora do projeto.

O desenvolvimento das hidrovias no Brasil está em uma encruzilhada. Para parte dos empresários e especialistas em logística, os rios são boas alternativas para escoamento, sobretudo, da alta produção de grãos. Para parte das autoridades, o segmento não é prioritário e o modal fica de fora dos grandes programas de investimento.

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O modal foi deixado de lado nos mais de R$ 140 bilhões previstos em todos os projetos do Programa de Investimentos em Logística (PIL) anunciados pelo governo federal.

De acordo com o presi­dente da Empresa de Pla­nejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, a solução do destravamento da infraestrutura nacional não passa pelos rios do país.

"Hidrovia não é uma so­lu­ção estrutural ­para o transporte brasileiro, não temos um rio como o Mississippi. No Brasil as hidrovias são muito periféricas, não passam por grandes centros produtores ou consumidores. A prioridade é criar uma malha ferroviária mais robusta", afirma.

Prioridades

A mudança da matriz fica bem clara nas prioridades do programa, com quase 40% dos recursos destinados à remodelagem ferroviária no país. No Paraná, o novo corredor ferroviário que corta o estado não deve sair por menos de R$ 9 bilhões – o maior investimento do PIL no estado.

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"É uma obra imprescindível e prioritária, mas não podemos abrir mão da integração dos modais", afirma Sebastião Almagro, membro do conselho de infraestrutura e logística da MV Consultoria. "Os governos sempre optaram por um mo­dal, em vez de investir em vários, criar uma rede de transporte", ­avalia o presidente da consultoria Macrologística, Renato Pavan.

No entanto, o projeto não prevê ainda essa integração. "Isso pode até ser considerado no futuro, mas os projetos não estão levando em conta essa complementação nesta fase de desenvolvimento dos estudos", afirma o gerente-substituto de infraestrutura e transporte ferroviário de cargas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Clauber Campello.

Transbordo

A complementação do transporte pelas duas vias é possível. A Administração da Hidrovia do Paraná (Ahrana) está realizando estudos para ampliar a capacidade de carregamento de cargas pela bacia, que hoje serve como transporte auxiliar ao porto de Santos (SP).

O principal ponto de convergência é Guaíra, na região Oeste do estado, onde o rio Paraná se cruza com o trajeto da futura ferrovia.

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A sugestão da Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná (Seil) é de que seja construído um porto intermodal, ligado às estradas e à linha férrea prevista para a região. O projeto, que também é referendado pelo Ministério dos Transportes, ainda não tem recursos – públicos ou privados – para sair do papel.

Projetos para o uso de rios estão em fase embrionária