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| Foto: Kio Kon/ Bloomberg

Ele não é Bill Gates, Jeff Bezos ou Satya Nadella, mas o também bilionário Masayoshi Son tem um papel importante na indústria da tecnologia e um currículo recheado. O homem mais rico do Japão é presidente do grupo de telecomunicações Softbank e gere o maior fundo em empresas de tecnologia do mundo, o Vision Fund. Com o perfil mais discreto, o empresário prefere ficar longe das manchetes, mas todo o mercado fica de olho em seus investimentos.

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Os segmentos nos quais ele aposta geralmente têm alto potencial de lucro. O Vision Fund tem foco em retornos de longo prazo e administra US$ 100 bilhões para investir nas maiores tendências da tecnologia. Além disso, Son, de 61 anos, também investe em empresas que gosta por meio do próprio SoftBank, como o investimento de US$ 20 bilhões na Uber e no WeWork.

Embora o Vision Fund seja, à primeira vista, focado em rentabilidade, uma espécie de crença de Son move suas atitudes nas entrelinhas: ele acredita que, de fato, os computadores e robôs são o futuro e vão comandar o mundo de maneira mais inteligente do que os humanos.  

O futurista Ray Kurzweil cunhou o termo “a singularidade” para descrever o momento em que os computadores assumem o poder - e ele prevê isso vai acontecer em 2040. O Vision Fund poderia crescer exponencialmente nesta data. E Son está investindo quantidades inéditas de capital em pessoas e empresas que empregam inteligência artificial para otimizar todos os setores que afetam nossas vidas - de imóveis a alimentos e a transportes.

Quando Son detalhou sua visão pela primeira vez, durante uma apresentação para investidores em 2010 - com slides que mostravam chips implantados em cérebros, animais clonados e uma mão humana dando feliz dia dos namorados para um robô - poucos levaram a sério. Até hoje, muitos vêem esse futuro dirigido por máquinas como algo assustador ou até mesmo distópico.

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Todos os empreendedores que recebem dinheiro do Vision Fund se reúnem com Son. Os 11 parceiros do fundo (com sedes na Califórnia, Londres e Tóquio) decidem quais empresários estão prontos para entrar no negócio em uma reunião semanal, depois de meses conhecendo a empresa e os fundadores.

Apesar de bem diferentes, todos os negócios que o fundo é parceiro e aposta têm algo em comum:o uso da Inteligência Artificial. Todas as empresas que integram o portfólio tanto do SoftBank como do Vision Fund precisam trabalhar em soluções que usem essa tecnologia.

O site Fast Company separou as principais áreas em que o bilionário investe dinheiro. Confira:

Imóveis

Son acredita que há uma oportunidade para consolidar e automatizar o setor imobiliário. Entre as companhias que o empresário investe estão: We Work (coworking), Compass (serviços de corretagem), Sofi (empréstimos hipotecários), Katerra (construtora e software), Oyo (hotelaria) e Opendoor (venda de casas).

De fato, o setor de imóveis é um dos queridinhos de Son e não é por acaso. Segundo ele, como passamos boa parte da nossa vida em nossas casas, entender como as pessoas se deslocam em cada tipo de espaço pode trazer insights bem importantes de otimização - sempre pensando na tecnologia. No We Work, por exemplo, depois de instalar um sistema de sensores em um dos escritórios de Nova York, a companhia compilou dados que mostraram que era mais eficiente ter várias salas de reunião pequenas do que algumas maiores.

No mundo, em 2017, foram investidos US$ 228 trilhões no setor de imóveis. Sendo US$ 169 trilhões em imóveis residenciais e US$ 32 trilhões em imóveis comerciais.

Mobilidade

Para Son, a área é muito atrativa porque cada vez mais o transporte está se transformando em algo coletivo, compartilhado e com serviços de aluguel e carona. Dentro dessa aba de investimentos, o empresário aplica dinheiro em empresas como a Uber, Grab, Didi Chuxing, GM Cruise (software para carros autônomos), Ola (concorrente indiana da Uber), Manbang Group (empresa de caminhões), Getaround (marketplace e compartilhamento de carros) e ParkJockey (empresa que trabalha com reservas de vaga de estacionamento).

Esse setor cresce 32,6% ao ano e a previsão é que em 2025 a indústria chegue a valer US$ 230,4 bilhões, ante US$ 24,1 bilhões em 2017.

Comércio eletrônico

O bilionário acha que as compras e serviços oferecidos via internet vão crescer ainda mais nos próximos anos. E, claro, não é de hoje que o SoftBank acredita nisso: Son foi um dos primeiros a apostar no Alibaba. De lá para cá, a estratégia tem sido garantir participação em empresas que ofereçam serviços que não se encaixe no modelo “tradicional” de e-commerce.

Ele investe cerca de US$ 13,2 bilhões no setor. Entre as empresas que ele aposta estão: Flipk Art (e-commerce indiano), Brandless (bens de consumo), Zume Pizza (serviço rob[otico de alimentos), Coupang (“Amazon da Coreia do Sul”) e Fanatics (roupas por encomenda).

O consumo via internet está crescendo a cada ano.  Por exemplo, em 2017 as vendas no varejo somaram cerca de US$ 23,4 trilhões - e disso algo em torno de 10,2% eram feitas online. A projeção é que em 2020, as vendas atinjam US$ 27,2 trilhões e 15,5% sejam online.

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Internet das Coisas

Mais do que achar que a tendência do mundo é a tecnologia e todo o consumo ao redor dela, Son acredita que a união entre robôs e humanos vai trazer mais felicidade e praticidade para o dia a dia. 

Entre as empresas que o fundo investe estão a Arm (produtora de chips para mobile), Nvidia (processamento de gráficos e chips para mercado de computação móvel e automotivo), Slack (software), Cohesity (armazenamento na nuvem) e Light ( empresa de tecnologia para câmeras).

Nesse setor, além do consumo, o empresário também pensa no mercado de trabalho. Até 2030, 400 milhões de pessoas precisarão achar novos empregos, dada a transformação do mercado de trabalho com a chegada da tecnologia, e apostar na internet das coisas e derivados como novos nichos de profissão pode ser uma boa escolha.

Naturalmente, Son tem limites. Uma série de fatores como desacelerações econômicas, crises geopolíticas, reguladores governamentais podem derrubar alguns de seus grandes planos. Há sempre a possibilidade de ele estar apostando nas empresas erradas. Ele, no entanto, não tem tempo para ficar na dúvida. “Há bons e maus momentos, mas o SoftBank está sempre presente”, declarou. 

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