• Carregando...
Steve Ballmer, da Microsoft, na apresentação do tablet feito em parceria com a HP: computadores de bolso devem ganhar mercado a partir deste ano | Dave Smith/Divulgação
Steve Ballmer, da Microsoft, na apresentação do tablet feito em parceria com a HP: computadores de bolso devem ganhar mercado a partir deste ano| Foto: Dave Smith/Divulgação

Capital aberto

Mercado pode ter nova onda de IPOs

Os financiadores dos novos projetos ganham dinheiro na abertura de capital de companhias de tecnologia nas quais investiram. Mas, nos últimos dois anos, menos de dez empresas por ano lançaram ofertas públicas de ações, enquanto em 2007 foram 86. O novo ano pode finalmente acabar com essa estagnação, com mais de 50 empresas de tecnologia abrindo seu capital, dizem os bancos de investimento. A lista pode incluir companhias importantes como o Facebook.

"Há uma grande demanda reprimida e há muitas empresas com faturamento de US$ 100 milhões ou mais que são lucrativas, e serão ainda mais no próximo ano, de modo que vai haver algumas aberturas de capital enormes", afirma Mike Kwatinetz, sócio majoritário da Azure Capital Partners, de São Francisco. "Isso levará, ainda, ao aquecimento do mercado de fusões e aquisições."

São novidades bem-vindas, diz Dunil Dhaliwal, da Battery. "A atmosfera está bastante otimista: é como quando você quase morre num acidente de carro e sai com uma visão renovada e positiva da vida", compara.

Depois de um período de hibernação no ano passado, os investidores do Vale do Silício, no Estados Unidos, começam a se agitar. Em 2009, financiadores da área de tecnologia levantaram aproximadamente US$ 14 bilhões para in­­vestir em novas companhias, uma queda abrupta em relação aos US$ 36 bilhões de 2007. Mas, à medida que avança o degelo da economia, os investidores estão voltando a colocar seus cheques nas mãos de empreendedores.Algumas ideias serão responsáveis por formar as grandes empresas do futuro, seguindo os passos de outras que, um dia, também foram novatas: Google, Cisco Systems e Amazon.com. Muitas outras propostas vão falhar por serem muito precoces, ultrapassadas ou pouco originais.

Venham ou não a ser bem-sucedidas as companhias, as novas ideias que hoje chamam a atenção dos investidores oferecem uma noção antecipada sobre quais tecnologias podem transformar, nos próximos anos, a maneira como vivemos.

De bolso

Os entendidos em tecnologia há muito previam que, um dia, carregaríamos computadores em nossos bolsos, o que começou a acontecer no caso de aparelhos como o iPhone.

Os computadores se tornarão ainda mais portáteis este ano, especialmente se a Apple realmente lançar seu tão comentado tablet, acha Todd Chaffee, um dos sócios majoritários do Institu­tional Venture Partners.

A linha que divide telefones de computadores está se apagando, assim como o modo como os usamos vai mudar. Em 20 anos, teclado e mouse serão coisas arcaicas, como aqueles antigos cartões furados, afirma Brad Feld, diretor-gerente do Fouldry Group, em Boulder, Colorado. "Há uma quantidade incrível de inovações acontecendo por aqui, com computadores acionados por gestos e voz, dotados de noção de espaço e equipados com múltipla sensibilidade ao toque, além de ser possível ‘vesti-los’ no corpo", diz.

Por conta de todo esse interesse pelo formato portátil, os investidores estão deixando de lado as novas empresas que fabricam programas para o iPhone. "Essa foi uma tendência bastante empolgante; os números batiam recordes, mas acho que agora todos compreendemos que é muito difícil tocar negócios em grande escala por aqui", diz David Pakman, sócio da Venrock, em Nova Iorque.

Este ano, o que mais entusiasma os investidores é o Android, sistema operacional para o formato portátil desenvolvido pela Google. Em 2010, a expectativa é que sejam vendidos duas ou três vezes mais telefones compatíveis com o Android do que iPhones, "destituindo o ambiente Apple de seu posto hegemônico", afirma Peter Fenton, sócio majoritário da Benchmark Capital, em Menlo Park, Calif.

Tecnologia verde

Depois de anos de uma empolgação de tirar o fôlego pela tecnologia verde, muitos investidores se tornaram céticos. "A coisa foi superestimada", diz Chaffee. O investimento em tecnologia limpa foi de US$ 1,6 bilhão nos primeiros nove meses de 2009, contra US$ 3,1 bilhões no mesmo período de 2008, de acordo com a National Venture Capital Association.

Muitos ainda acham que salvar a Terra pode ser lucrativo, mas em pequena escala. A Foundation Capital mostra interesse em ferramentas que sejam capazes de usar uma rede elétrica inteligente para monitorar, distribuir e poupar eletricidade. A Battery Ventures está atenta a companhias que fabriquem equipamentos como computadores com uso mais eficaz de energia.

Sobrecarga

Entre posts no Twitter, acessos ao Foursquare e mensagens de texto, estamos todos produzindo muito mais dados do que há um ano. No entanto, "o modo como os websites foram desenvolvidos nos últimos 15 anos não é, na verdade, compatível com a quantidade de informação hoje circulando por causa da internet em tempo real", observa Pakman. Para ele, as novas empresas de tecnologia tentarão descobrir como adequar a arquitetura da web para acomodar o dilúvio de dados.

Estas novatas precisarão descobrir como reequilibrar a quantidade de informação que recebemos com nossa capacidade de processá-la, diz Feld. Por exemplo, o Foundy Group está investindo em companhias que gerenciam e extraem dados de caixas de e-mails, assim como em novas empresas que se dedicam a criar meios para que seus clientes acessem informação pessoal, como música e fotos, de qualquer computador a qualquer hora.

Escritórios mais modernos a caminhoAs novatas no ramo de software e hardware para negócios vão imitar o que fez a Apple com os aparelhos individuais, criando produtos mais simples de usar, diz Dunil Dhaliwal, sócio majoritário da Battery Ventures, em Boston, Estados Unidos. "O cara que hoje compra software e hardware para uma empresa provavelmente tem mais o perfil de quem cresceu acostumado aos iPods e iPhones do que o de alguém que, com seus 60 anos, foi criado à base de Unix e daqueles grandes e velhos mainframes da IBM", ele observa. "O novo modelo vai entrar com tudo, de forma realmente dramática, na área de tecnologia para empresas."

Paul Koontz, sócio majoritário da Foundation Capital, em Menlo Park, diz que os empreendedores estão tendo ideias promissoras no campo dos softwares virtuais e do acesso remoto, via web, a aplicativos (chamado de cloud computing) – nos dois casos, opções de baixo custo para as empresas no que tange à manutenção de tecnologias. "Na minha cabeça não há dúvida de que, em dez anos, a atual noção de banco de dados corporativos terá desaparecido, e o modo como as grandes empresas usam tecnologias como softwares terá sido completamente redefinido", diz.

Empresas de segurança que ajudam sites e usuários de computadores a se protegerem também estão maduras para investimentos, conta Ray Rothrock, sócio majoritário da Venrock, em Palo Alto. Hoje, 80% a 97% dos e-mails comerciais são spams, ele diz, e o número de malwares, softwares que infectam os computadores, tem crescido exponencialmente.

Tradução: Christian Schwartz.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]