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OPINIÃO

Transtorno cada vez menor

Greves em setores que prestam serviços à população são receita quase certa de caos urbano – basta ver o que acontece em qualquer cidade que enfrente paralisação de motoristas e cobradores de ônibus. No entanto, prejudicar os usuários dos serviços não chega a ser uma boa estratégia para conquistar o apoio da população a qualquer movimento grevista, o que coloca os sindicatos diante de uma encruzilhada.

No caso dos bancos, uma série de facilidades tem amenizado o transtorno – correntistas podem usar a internet e caixas eletrônicos; não correntistas recorrem às lotéricas. O tempo maior na fila é um aborrecimento menor comparado à possibilidade de deixar uma conta vencer. Como a Gazeta do Povo já mostrou, a lista de serviços que ainda dependem exclusivamente da boca do caixa para serem realizados é cada vez menor.

Assim, as greves nos bancos vêm gradualmente se aproximado de um modelo interessante: são a aplicação de um direito legítimo, em que os participantes usam o prejuízo do empregador como meio de pressão, mas com consequências mínimas para a população.

Marcio Antonio Campos, editor de Economia

Sindicato gastou R$ 400 mil com greve

O Sindicato dos Bancários calcula que os 15 dias de greve custaram cerca de R$ 400 mil para os cofres da entidade. Os gastos envolvem a contratação de carros de som, alimentação, viagens de dirigentes para reuniões de negociação, confecção de faixas e panfletos e contratação de pessoal de apoio ao movimento.

"A campanha salarial não se resume aos 15 dias de greve. Estávamos organizando a campanha desde abril, com as conferências regionais, análises e estudos", explica Otá­vio Dias. Segun­do ele, o "investimento" resultou na maior greve da história da categoria, com o maior índice de adesão dos últimos 20 anos, e que levou ao maior aumento real de salários para os bancários em uma década. Os recursos saíram do caixa do sindicato, formado pela contribuição dos associados e pelo imposto sindical, cobrado compulsoriamente de todos os trabalhadores da categoria, independentemente de serem ou não sindicalizados.

Por parte dos bancos, a Fenaban não costuma divulgar um balanço de eventuais prejuízos de seus associados decorrentes dos dias em greve. O superintendente regional da Caixa em Curitiba, Hermínio Basso, por sua vez, explica que, apesar de existir, o impacto da greve é absorvido em parte pelos correspondentes bancários da instituição – como as casas lotéricas –, que continuam executando serviços como depósitos, saques, empréstimos e até mesmo abertura de contas correntes. (ACN)

O primeiro dia de funcionamento dos bancos após o fim da greve dos bancários teve movimento acima da média nas principais agências do centro de Curitiba. Os usuários que foram resolver as pendências acumuladas nos últimos 15 dias tiveram de enfrentar grandes filas e esperar por horas pelo atendimento. A expectativa é que hoje o movimento aumente ainda mais, em razão do fluxo de trabalhadores que recebem parte do salário na metade do mês.

As agências da Caixa Econômica Federal da capital trabalharam ontem com horário estendido, das 8 às 16 horas, para atender o aumento no fluxo de clientes. Mesmo assim, em algumas agências o tempo de espera chegou a duas horas. Segundo a superintendência regional da Caixa, o horário especial será repetido hoje e segunda-feira, podendo ser prorrogado por mais três dias, se necessário.

Na região metropolitana da capital e no interior, o atendimento da Caixa será das 9 às 16 horas. Ainda segundo o banco, os clientes que estiverem dentro da agência até o horário de fechamento poderão ser atendidos até as 18 horas. Nenhum outro banco público ou privado confirmou horário diferenciado de atendimento com o retorno ao trabalho.

A aposentada Wilma Souza Fernandes, 86 anos, conta que esperou mais de uma hora da fila para pagar seu aluguel na agência do Banrisul, e acabou desistindo. "Não dá mais pra esperar. O atendimento prioritário está demorando mais que o atendimento normal."

Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Otávio Dias, esse movimento é natural no período "pós-greve" e tende a ser normalizado nos próximos três dias, com a regularização do trabalho acumulado. Segundo o sindicalista, o acordo assinado com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) prevê que os dias parados não serão descontados dos trabalhadores, devendo ser compensados até 15 de dezembro. O documento prevê ainda a reposição máxima de duas horas adicionais por dia por trabalhador.

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Interatividade

Terminada a greve, o que os bancos devem fazer para reduzir o tempo de atendimentos aos clientes?

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