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A calmaria do andar térreo do edifício da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), no centro da capital paulista, engana quem não acompanha o mercado de ações. Desativado no ano passado, quando a bolsa encerrou o pregão viva-voz, o salão de pregões já não hospeda o frenesi dos operadores – o que poderia sugerir que o ano tem sido calmo para os investidores do mercado de ações. Longe disso.

Depois de bater recorde histórico em maio e desabar logo em seguida, o Ibovespa (índice que mede a variação das principais ações da bolsa) vem se recuperando e pode, nas próximas semanas, superar os 42 mil pontos cravados há cinco meses. Se isso acontecer e os fundamentos econômicos continuarem ajudando, é grande a chance de que o índice atinja os 45 mil pontos até 31 de dezembro. Isso significa que a soma de todas as 56 ações que compõem o Ibovespa – que na sexta-feira era de R$ 38.643 – chegará a R$ 45 mil, um indicador de boa saúde dos papéis negociados na principal bolsa brasileira.

Essa previsão otimista não significa, obviamente, que o caminho até lá será feito só de altas: embora tenha subido 15,5% no ano e 6% apenas em outubro, a bolsa recuou 0,6% ao longo da última semana. Coisa pouca, na opinião de analistas. "Podemos superar a máxima de 42 mil, principalmente se os investidores estrangeiros, que fugiram na metade do ano, continuarem voltando e participando de novas ofertas de ações. Depois disso, é possível que cheguemos aos 45 mil", diz Gustavo Deodato, diretor da Petra Corretora.

Motivos para otimismo não faltam. O preço do petróleo caiu mais de 20% em dois meses, o que reduz a pressão sobre a inflação e os juros dos EUA – hoje em 5,25% ao ano, eles tendem a se manter nesse patamar nos próximos meses, o que deve evitar uma fuga de investidores estrangeiros de países emergentes, como o Brasil. Além disso, a taxa básica de juros brasileira (Selic) está em queda, o que motiva os investidores a trocar a renda fixa – que vai ficando menos atraente – pelo mercado acionário. Fora isso, não seria nada mal se os ânimos na política nacional e internacional esfriassem um pouco.

Deodato lembra que a proximidade do Natal e do verão costuma aquecer a economia brasileira – e a Bovespa – nos últimos meses do ano. "Em 2004, o CDI (renda fixa) estava ganhando da bolsa de 10% a 2% até agosto, e no fim do ano a bolsa virou para 17% a 16%. No ano passado, o CDI também vencia, e a bolsa voltou a virar", conta o analista. "Existe todo um cenário favorável para mais uma virada neste ano."

Marcelo Elaiuy, diretor financeiro do banco de investimentos Credibel, de São Paulo, explica que, além de notícias positivas da economia do Brasil e dos EUA, a bolsa também precisaria de uma ajuda dos gráficos para chegar aos sonhados 45 mil pontos. O raciocínio é o seguinte: quando o Ibovespa rompe determinadas "barreiras" dos gráficos, ganha força para subir e os investidores ficam tentados a testar novas resistências. Por exemplo: há mais de duas semanas, o mercado oscila na faixa entre 37 mil e 39 mil pontos. Se conseguir ficar acima dos 39 mil por alguns dias seguidos, certamente vai buscar seu próximo alvo: 42 mil.

"Passada a eleição presidencial, se não ocorrerem turbulências externas, existe uma possibilidade boa de passarmos desse nível", diz Elaiuy. "Estamos até com atraso se nos compararmos às bolsas de Nova Iorque, Londres e Tóquio, que já romperam suas máximas." O exemplo mais recente não poderia ser mais animador: na quinta-feira, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova Iorque, superou os 12 mil pontos pela primeira vez desde sua criação, em 1896. Notícia ótima para a bolsa brasileira, fortemente influenciada pelos rumos de suas colegas norte-americanas.

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