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A desaceleração da economia norte-americana às vésperas do fim do estímulo do governo arrastou a Bovespa para baixo nesta quarta-feira, frustrando expectativas de um começo de mês mais alentador para a bolsa brasileira após um longo período de fraqueza.

O principal índice das ações locais recuou 1,87 por cento, para 63.411 pontos. O giro financeiro do pregão foi de 5,9 bilhões de reais.

"Foi uma bela ducha de água fria no mercado", disse Rafael Espinoso, estrategista de renda variável da CM Capital Markets, sobre os indicadores divulgados nos Estados Unidos.

A fraqueza do mercado de trabalho foi evidenciada pela criação de apenas 38 mil postos de trabalho no setor privado em maio, bem abaixo da previsão de analistas de abertura de 175 mil vagas. Além disso, o índice do setor manufatureiro caiu para 53,4 em maio, o menor nível desde setembro de 2009.

"O ISM próximo de 50 é um sinal amarelo para a economia", acrescentou Espinoso, chamando a atenção para os dados a serem divulgados na sexta-feira sobre o emprego fora do setor agrícola nos Estados Unidos. Pesquisa da Reuters mostrou uma redução da previsão de analistas para a criação de vagas em maio, de 180 mil para 150 mil.

No fim do mês termina o programa de ajuda do Federal Reserve à economia, conhecido como "quantitative easing".

A queda foi generalizada na Bovespa, com Vale PNA em baixa de 0,8 por cento, a 44,48 reais, Petrobras em queda de 0,37 por cento, a 24,00 reais, e OGX Petróleo despencando 5,85 por cento, a 15,12 reais.

Analistas expressavam um relativo otimismo na virada do mês, apostando em uma recuperação do Ibovespa após meses de performance tímida. BTG Pactual, Credit Suisse e Banif, por exemplo, apontaram a perspectiva de uma inflação mais branda como um possível propulsor para as ações locais.

"Uma vez que a inflação tem sido o fator econômico mais importante a ser monitorado, uma redução em seu ritmo seria determinante para uma onda de otimismo", escreveu Oswaldo Telles Filho, do Banif Securities. "Tendo agora essa visão positiva em mente, deixamos nossa atitude cautelosa e mudamos significativamente nossa carteira."Já o HSBC emitiu relatório setorial, mostrando alguma cautela sobre as produtoras de carne.

Em documento intitulado "virando vegetariano", os analistas Pedro Herrera, Diego Maia e Ravi Jain reduziram a recomendação de JBS a "neutro", com preço-alvo de 6,40 reais e de Marfrig a "underperformance", com preço-alvo de 15 reais. Brasil Foods continuou como "neutra", mas teve preço-alvo reduzido a 33,30 reais.

"As fraquezas do setor permanecem, com o preço alto do gado e dos grãos e com o real valorizado afetando os resultados das companhias", justificaram os analistas.

JBS caiu 5,12 por cento, a 5,37 reais.

Pão de Açúcar recuou 1,44 por cento, a 62,30 reais, ainda afetado pela divergência entre os principais acionistas. O presidente do Conselho de Administração do grupo, Abílio Diniz, solicitou aos diretoes da companhia que "mantenham a serenidade".

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