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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Centro da Fiep apoia empresas inovadoras

No Paraná, uma iniciativa na área da Economia Criativa veio da Federação das Indústrias (Fiep), que mantém há dois anos o Centro Internacional de Inovação (C2i), destinado a apoiar iniciativas do gênero. "A ideia é dar suporte à in­­dústria inovadora ou que queira inovar, visando a sustentabilidade da indústria paranaense", diz Hé­­lio Bampi, vice-presidente da Fiep. A estrutura inclui um centro de design e um núcleo de capital inovador, com o objetivo de financiar empreendedores com boas ideias. A mais nova cartada do C2i é a formalização de uma incubadora de empresas, que deve começar a funcionar efetivamente em dezembro, diz Bampi. Há um edital aberto para seleção das empresas, que devem se apresentar até o dia 17. O edital pode ser acessado em www.c2i.org.br/incubadora. (FI)

Uma alternativa à indústria convencional

Em países do Hemisfério Norte, como o Reino Unido e a França, o conceito de Economia Criativa é visto como uma forma de dar força ao crescimento econômico local. "Esses países perceberam o esgotamento da indústria tradicional, cuja competitividade tornou-se muito baixa em relação a outros países, principalmente na Ásia", diz Adolfo Melito, do Instituto da Economia Criativa. Outros segmentos, entretanto, estavam crescendo como nunca: produção musical e cinematográfica, desenvolvimento de software e games, e publicidade. O governo do Reino Unido foi o primeiro a abraçar o conceito, inclusive com a criação de um ministério para incentivá-lo – o Departamento de Cultura, Mídia e Esportes.

Steve Jobs personificou as características do setor

É difícil falar sobre Economia Criativa sem tocar no nome de Steve Jobs, cofundador e ex-presidente da Apple, que morreu na quarta-feira. Ele não só ajudou a empresa a se tornar um sinônimo de inovação; também fez dela uma das mais valiosas do mundo. "Ele foi o precursor de tudo isso", comenta Hélio Bampi, da Fiep. Segundo Adolfo Melito, do Instituto da Economia Criativa, Jobs personificava as quatro características do pensamento que molda o setor: talento humano, simplicidade ("ele sempre exigiu que cada versão de um produto fosse mais fácil de usar que a anterior", observa), rapidez no desenvolvimento e disciplina. "Nas lojas da Apple", lembra Bampi, "você não pode falar com o cliente sem antes passar por um treinamento exaustivo". (FI)

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Adriana Flores, diretora de Desenvolvimento de Produtos da Positivo Informática, comanda uma equipe de 300 profissionais que trabalham com o design de PCs, tablets, websites e software. Os grupos incluem engenheiros de várias vertentes (mecânicos e de computação, principalmente), desenhistas gráficos, projetistas industriais, publicitários, economistas, psicólogos e administradores, entre outras formações. O objetivo desses times é criar produtos capazes de se diferenciar dos concorrentes em um setor em que a competição é crescente, as margens são minguantes e os produtos, cada vez mais parecidos. "Na nossa indústria, o design é tão importante quanto a manufatura, os custos e o relacionamento com o varejo", diz.

Essas características fazem de Adriana e companhia uma amostra representativa da Economia Criativa – um campo de estudo relativamente novo, que abrange atividades capazes de transformar boas ideias em dinheiro. Inclui atividades artísticas em geral, arquitetura, turismo, mídias e desenvolvimento de games, entre outras áreas. A importância desses negócios tem crescido ano a ano em escala global. No Brasil, um levantamento feito em 2008 pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro estimou o "PIB criativo" do Brasil em R$ 381,3 bilhões, o equivalente a 16,4% de toda a riqueza gerada no país naquele ano. E a tendência é de crescimento.

Dois fatores inspiram a expansão da economia criativa no país. O primeiro é a redução da miséria. Nos últimos dez anos, algo como 30 milhões de brasileiros deixaram a pobreza extrema e se tornaram consumidores. "Muita gente que não tinha acesso aos produtos dessa área passaram a ouvir música, ir ao cinema e ao teatro, por exemplo", observa o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Armando Dalla Costa, doutor em História Econômica e estudioso do assunto. "Em consequência, a quantidade e a qualidade da produção nacional nessas áreas aumentou." A confirmar o argumento estão dados como os da bilheteria de filmes nacionais nos últimos anos. Em 2010 e 2011, seis produções brasileiras ultrapassaram os 2 milhões de ingressos vendidos no país. Em toda a década de 90, apenas três filmes atingiram esse patamar – todos eles infantis, dois estrelados por Xuxa e um com Renato Aragão à frente.

O outro fator é a melhoria da educação. As atividades criativas exigem um profissional com alta escolaridade e boa bagagem cultural. "Hoje o volume de conhecimento cresce de forma exponencial", diz Adolfo Melito, presidente do Instituto da Economia Criativa, organização com sede em São Paulo, criada para desenvolver estudos e técnicas para implantar soluções de criatividade e informações nos negócios. "Sem uma boa base educacional não é possível acompanhar as exigências desse mercado."

O Brasil não está se saindo mal nesse segmento. Segundo dados da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvol­­vimento (Unctad, na sigla em inglês), o país exportou em 2008 aproximadamente US$ 6,3 bilhões em "serviços criativos", uma categoria que contempla desde a publicidade até projetos arquitetônicos. O volume equivale ao que foi exportado pela Itália.

Para crescer mais nesse segmento, o Brasil depende de melhorias socioeconômicas e educacionais, além de apoio institucional. Em janeiro, o governo federal criou uma estrutura para tratar do assunto, a Secre­­taria de Economia Criativa, vinculada ao Ministério da Cultura. O cargo é ocupado por Cláudia Leitão, ex-secretária de Cultura do estado do Ceará.

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