O aumento nos preços das commodities no atacado ao longo do ano passado puxou para cima a inflação medida pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), que encerrou 2010 com alta de 11,30%, a mais forte elevação anual em seis anos. A taxa, anunciada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), foi bem diferente da apurada em 2009, ano em que o indicador encerrou em deflação pela primeira vez em sua história, com queda de 1,43%.
Apesar da alta na taxa anual, o indicador, criado na década de 40 e usado para reajustar dívidas dos estados junto à União, perdeu força junto com as commodities no fim do ano: em dezembro, a taxa mensal foi de 0,38%, contra 1,58% registrados no mês anterior.
Mesmo com o recuo na margem, os preços no varejo apurados pelo IGP-DI mostraram "uma persistência inflacionária", nas palavras do coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. O núcleo da inflação varejista saltou de 0,43% para 0,55% de novembro para dezembro, a mais forte elevação desde maio de 2005 (0,73%).
Este indicador exclui as principais quedas e as mais expressivas altas de preço no varejo, e é usado para mensurar tendências no cenário inflacionário. Segundo Quadros, a inflação do setor de serviços no varejo praticamente não se mexeu de 2009 para 2010. Em dezembro de 2009, os preços deste setor subiram 5,42%, taxa muito próxima à inflação de 5,43% no setor de serviços no varejo em dezembro de 2010.
Para o especialista, medidas prudenciais em compulsórios que indiretamente inibem um pouco a oferta de crédito não são suficientes para conter o avanço da demanda no mercado interno principal fator que originou esta persistência inflacionária no varejo. "Não existe mais justificativa para não se fazer uma alta na taxa básica de juros [Selic] agora em janeiro", avaliou. "É preciso aumento de juros, e é preciso ajuste fiscal. Se isso continuar desta forma, sem nenhum outro tipo de medida de contenção de demanda, creio que vai ser difícil atingir o centro da meta inflacionária em 2011 [de 4,5%]", afirmou.
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