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Até o fim do ano os Índices Gerais de Preços (IGPs) continuarão sofrendo pressões de alta localizadas em produtos agrícolas como açúcar e álcool, além do efeito do mercado doméstico aquecido sobre os preços dos serviços. Para analistas, no entanto, o quadro não mudará a trajetória de 12 meses esperada para o índice, que deve fechar o ano entre 5,5% e 6%, bem abaixo dos 11,3% de 2010. A mediana das projeções do relatório Focus, divulgado na segunda-feira (29) pelo Banco Central, é de 5,52% para o IGP-M e de 5,45% para o IGP-DI - ante 7% previstos para ambos no início do ano.

A maior influência de curto prazo virá do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) agrícola, que sofre o repique de alguns preços agropecuários - como carnes e açúcar - mas também do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) por alimentos processados e serviços. O INCC manterá o quadro de alta em função de custos de materiais da construção civil e, principalmente, da mão de obra tão mais cara quanto escassa.

- Após deflação em junho e julho, devemos observar altas nos IGPs, mas nada drástico. Problemas climáticos derrubaram o estoque global de grãos e há uma recuperação das quedas de meses anteriores. Haverá pressão, mas não tão forte quanto no fim do ano passado - disse Elson Teles, economista da Máxima Asset Management.

O economista Alexandre Maia, da Gap Asset Management, estima uma variação média de 0,55% a 1,20% no IPA agrícola nos meses até dezembro, com destaque para altas do preço do milho, soja e alimentos in natura. Já o IPA industrial tende a se manter comportado, com a indústria mostrando crescimento mais lento em função do câmbio e da menor competitividade de produtos nacionais frente aos importados. Maia destaca que, à exceção do minério de ferro em alta, trata-se de um comportamento disseminado entre os preços industriais. A projeção da Gap Asset Management é que o IGP-M chegue a 5,6% no ano, composto por um IPA acumulado de 5%, IPC de 6,20% e INCC de 7,70%.

- É um ano de meio termo no IGP pela compensação de forças entre (preços): industriais mais moderados e serviços e itens como álcool pressionando - diz Maia.

Os economistas destacam que no último trimestre os preços do álcool devem subir. Segundo Fabio Silveira, da RC Consultores, o quadro de estoques baixos de etanol será agravado pela entressafra de novembro a abril. Para Silveira, a decisão do governo de reduzir o percentual de álcool adicionado à gasolina é um passo importante para evitar a contaminação de preços. O economista diz que as altas pontuais se somam à pressão doméstica vinda da renda do trabalhador em alta.

Apesar da volatilidade nos preços agrícolas, o professor da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha lembra que a variação em 12 meses tende a desabar por efeito estatístico em relação ao ao fim de 2010, quando o IGP-M superou 1% em setembro, outubro e novembro. Para os analistas, o efeito prático do IGP-M sobre contratos como o de aluguel e preços administrados em 2012 não deve ser intenso.

- O IGP perdeu um pouco o peso nos contratos comerciais. O aluguel por exemplo depende muito mais hoje da variável oferta e demanda, com proprietários reajustando contratos acima do índice - diz Cunha.

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