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Perspectivas

Inflação não irá ao centro da meta em 2012, diz FGV

A despeito do cenário do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) um pouco menos pressionado que é aguardado para 2012 pelo mercado financeiro e pelo governo, o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, avaliou ontem que, pelo menos até o momento, não há sinais de que a inflação ao consumidor convergirá para o centro da meta de 4,5% perseguida pelo Banco Central em 2012.

Em entrevista para o detalhamento do IGP-M de novembro, ele compartilhou da ideia de que os preços no varejo tendem a desacelerar no acumulado em 12 meses até um nível próximo de 5,5%, mas destacou que o caminho para a marca de 4,5% é mais desafiador, especialmente por causa do comportamento dos preços de serviços. "Até onde podemos enxergar, eu acho que a inflação ao consumidor vai recuar ao longo dos próximos meses. Vai para cinco e pouco por cento; pode ser 5,5%, mas, para ir a 4,5%, tem um bom ponto porcentual que, para tirar, exigiria diminuir muito a inflação de serviços, uma coisa que dependerá muito das condições econômicas", afirmou Quadros. "Eu ainda não vejo essa possibilidade de convergência para a meta", salientou.

Segundo levantamento da FGV por meio do IGP-M, os preços dos serviços acumularam alta ainda expressiva de 6,96% nos últimos 12 meses até novembro. No mesmo período, os preços ao consumidor como um todo, pelo IGP-M, atingiram 6,38%. Quadros afirma que tanto os serviços quanto os combustíveis podem continuar pressionando a inflação, pelo menos nos primeiros meses do próximo ano. "Há focos de inflação que ainda vão pressionar", comentou. Por outro lado, espera-se um movimento de altas mais amenas que as de 2011 para os preços dos alimentos.

Quadros ressaltou que a expectativa de que a inflação ao consumidor não convirja para o centro da meta em 2012 está amparada num cenário "não tão catastrófico" para a economia, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo em torno de 3,5%. Para Quadros, já há sinais cada vez mais claros de que a economia brasileira está desacelerando, mas ainda há dúvidas sobre se o cenário de desaquecimento será suficientemente forte para levar a inflação à meta desejada pelo BC.

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), usada principalmente para o cálculo do reajuste dos aluguéis, desacelerou levemente. O indicador subiu 0,50% em novembro, após avançar 0,53% em outubro, segundo a Fun­dação Getulio Vargas (FGV). O coordenador de Análises Eco­nômicas da FGV, Salomão Qua­dros, reiterou ontem que são grandes as chances de o índice encerrar 2011 com uma taxa abaixo da marca de 6%.

Segundo ele, com o comportamento recente de desaceleração da taxa acumulada em 12 meses, a tendência do indicador da FGV é manter este ritmo, salvo alguma interferência extraordinária e suficientemente capaz de mudar a trajetória do índice. Se confirmada a estimativa de Quadros, o IGP-M atingiria um resultado equivalente a pouco mais da metade do verificado em 2010, quando a taxa acumulada ba­­teu em 11,32% e representou o maior resultado anual desde 2004 (12,41%).

"A chance de ter uma taxa abaixo de 6% é muito grande", comentou Quadros, acrescentando que as condições internacionais e o desaquecimento da economia nacional favorecem a continuidade de um ciclo de desaceleração que vem sendo observado na taxa de 12 meses no segundo semestre de 2011. "O resultado pode ficar perto da metade do que foi no ano passado", destacou, complementando que, até mesmo nos primeiros meses de 2012, há uma tendência inicial de continuidade de uma taxa acumulada menos pressionada.

Acumulado

O IGP-M acumulado em 12 meses vem caindo desde julho, mas a redução foi mais acentuada em novembro. O segredo foi o resultado deste mês – o avanço de 0,50% nos preços registrado pela FGV foi muito menor que o observado em novembro de 2010, quando houve um aumento de 1,45%. Na época, lembra Quadros, os preços das commodities agrícolas estavam bastante pressionados no mercado internacional.

Para o coordenador da FGV, não há, no momento, conforme os mais recentes levantamentos, grandes candidatos para atrapalhar o cenário de taxas menos intensas do IGP-M. Com isso, ele disse acreditar ser pouco provável que o taxa de dezembro seja muito mais forte que a de 0,69%, vista no último mês de 2010. "Mesmo que tenhamos algum fator a mais – o fim de ano sempre tem alguma possível pressão de sazonalidade –, não há nada que reaproxime [o IGP-M] do cenário do ano passado", avaliou.

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