O Brasil está diante de uma bolha especulativa, advertem economistas ouvidos pelo Estado. O Institute for International Finance (IIF), espécie de Febraban mundial, diz que "há uma conjunção de fatores preocupantes no Brasil" que podem indicar a formação de uma bolha. O crédito, que teve crescimento de 30% em 2008, cresceu outros 12% este ano - apesar da queda, ainda está em dois dígitos. O País está recebendo grandes volumes de fluxos de capital - em outubro, foi o segundo maior da história. O mercado acionário está em alta e o real bate recordes - foi a moeda que mais se valorizou, cerca de 34% neste ano.
"Todos esses fatores combinados representam um risco de bolha de ativos", disse Hung Tran, diretor da área de mercado de capitais e mercados emergentes do IIF. "Essa excessiva valorização de ativos e moeda terá de ser corrigida mais cedo ou mais tarde, o que não vai ser fácil.
A economia brasileira é vítima do próprio sucesso, dizem os economistas. Com um crescimento expressivo e sistema financeiro saudável, o Brasil vem recebendo muitos investimentos. Mas o Brasil também é refém do ambiente externo: as economias avançadas ainda estão se recuperando, e devem manter as taxas de juros baixas por muito tempo, como sinalizou o Fed nesta semana.
Com juros baixos e dólar em queda, emergentes como o Brasil se tornam principal alvo para o chamado carry-trade. Os investidores tomam emprestado nos EUA, com juros baixos e dólar em queda, e aplicam em tudo quanto é ativo considerado mais arriscado, inclusive no Brasil. O economista Nouriel Roubini alertou para a volta do carry-trade, que anteriormente era feito com o iene, em uma coluna recente no jornal Financial Times. "Os preços dos ativos arriscados subiram demais, muito cedo e muito rapidamente em comparação com os fundamentos macroeconômicos", escreveu Roubini.
Para Arvind Subramanian, economista do Peterson Institute for International Economics, tanto China como Índia e Brasil são grandes alvos de investimento porque as economias estão em franca recuperação e oferecem bom retorno. "Mas a China controla o câmbio e a Índia tem grandes restrições a capital (como limites em investimentos em títulos domésticos). Então o Brasil, que tem maior liberdade, fica mais vulnerável", diz Subramanian. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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