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Fila de caminhões em frente à Imcopa, em Araucária: lucro não cobriu perdas com contratos de câmbio | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Fila de caminhões em frente à Imcopa, em Araucária: lucro não cobriu perdas com contratos de câmbio| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A Imcopa, empresa especializada no processamento de soja, deve apresentar um novo sócio nas próximas semanas. A companhia mantém contato com dois fundos de investimentos e duas multinacionais do setor que têm interesse em fazer um aporte na empresa – que tem sede em Araucária, região metropolitana de Curitiba, e se especializou em atender o mercado de derivados de grãos convencionais. Segundo José Enrique Traver, diretor de operações da Imcopa, a negociação com uma das empresas estrangeiras está mais adiantada e pode se concretizar em até 15 dias.

"Em no máximo 90 dias haverá a entrada de um sócio minoritário", afirma Traver. A venda de participação acionária, de acordo com o executivo, não foi pensada como uma solução para os problemas de liquidez enfrentados pela companhia. A Imcopa tinha a intenção de abrir o capital na bolsa de valores até o segundo semestre do ano passado e mudou de estratégia quando estourou a crise, em setembro. "Temos um plano de investimentos para o próximos dez anos que precisa de capital novo para ser levado adiante."

A limitação da liquidez da Imcopa ocorreu por uma combinação de fatores que vieram com a crise e atingiram outras empresas. Ela viu secarem as novas fontes de crédito, ao mesmo tempo em que a desvalorização do real criou um desequilíbrio entre suas dívidas, mantidas em moeda estrangeira, e seus ativos, cotados em reais. Essa perda se somou a um resultado negativo no setor financeiro provocado por contratos de câmbio. O lucro bruto da companhia, de R$ 210 milhões, não foi suficiente para compensar as perdas de R$ 428 milhões. Assim, após a compensação de tributos, a empresa teve um prejuízo de R$ 141 milhões em 2008. Seu faturamento foi de R$ 2,6 bilhões, 30% maior do que em 2007.

O resultado inesperado fez com que a empresa deixasse de cumprir exigências previstas nos contratos de empréstimos, que passaram a ser antecipados. No fim do ano passado, a Imcopa tinha uma dívida de curto prazo que ultrapassava os US$ 400 milhões. Sem encontrar novas linhas, a saída foi contratar uma consultoria para renegociar os contratos. Segundo Traver, os bancos entenderam que o problema é pontual e estão aceitando alongar os prazos de pagamento. "Hoje, 70% das dívidas que tiveram antecipação já foram renegociadas, e boa parte do prejuízo do ano passado foi revertido com a valorização do real neste ano", diz. "A reestruturação é amigável e está correndo bem."

De acordo com o executivo, as operações da empresa estão normais. Foram feitos ajustes, como a redução dos investimentos em alguns projetos, um deles na área de energia, enquanto o processamento de soja foi concentrado nas duas unidades próprias da Imcopa, em Araucária e Cambé. Assim, sem terceirização, o volume de produção previsto para o ano é de 1,6 milhão de toneladas, de 200 mil a 400 mil toneladas menor do que em anos anteriores.

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