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Imóveis de alto padrão, com vista para o mar, estão entre os preferidos pelos brasileiros em Miami | Divulgação
Imóveis de alto padrão, com vista para o mar, estão entre os preferidos pelos brasileiros em Miami| Foto: Divulgação

Quanto custa o sonho americano?

Preços

Os brasileiros procuram imóveis com valores que oscilam entre US$ 750 mil e US$ 3 milhões, mas há imóveis comprados por brasileiros a partir de US$ 200 mil, de acordo com o corretor brasileiro Helio Batini, dono de uma imobiliária em Miami, a Vitoria’s. "Há imóveis para clientes com todos os bolsos, daqueles que têm poupança há pouco tempo ou que já tem valores maiores guardados", diz.

Depois de realizada a compra, de acordo com Anamaria Velasquez, o proprietário tem de pagar impostos anuais da propriedade – que correspondem a cerca de 2% do valor do imóvel – e custos de manutenção e documentação, que não passam de 5% do preço total.

A corretora exemplifica: um apartamento de três dormitórios no Jade Ocean, em Sunny Isles Beach, na Flórida, sai hoje por US$ 1,7 milhão; em Belo Horizonte, um similar custa US$ 2,5 milhões. (TB)

Fé no investidor curitibano

Em abril, corretores e os proprietários da Nexxos Realty virão a Curitiba. O grupo aposta nos interessados em adquirir uma casa no exterior. Embora a empresa não vá investir em estrutura própria no Brasil, a intenção é virar ponto de referência para possíveis compradores curitibanos, porque ou­­tros polos, como Rio de Janeiro e São Paulo, já estão cheios de corretores de imobiliárias es­­tran­­geiras.

"Nós queremos oferecer aos curitibanos um serviço personalizado apoiado em anos de experiência no mercado imobiliário na Flórida. A Nexxos Realty vai oferecer toda a assessoria que o investidor procura em um corretor de imóveis, com uma equipe multidisciplinar e bilíngue", diz a diretora da imobiliária, Ana­maria Velasquez.

De acordo com Carolina Cer­quera, executiva de marketing da Nexxos Realty, Curitiba é uma capital com perfil interessante e que cada vez mais aposta no luxo como estilo de vida. "Já morei em quatro países, entre eles o Brasil, onde escolhi Curitiba para residir durante cinco anos. Foi um tempo estratégico para assegurar nosso conhecimento sobre o mercado local", sugere. (TB)

  • Área de lazer do Jade Ocean, na Flórida: apartamento de três quartos sai mais barato que um similar em Belo Horizonte

Dólar barato, preços baixos lá fora por causa da ressaca da crise financeira mundial de 2008, o inflacionado preço dos imóveis no Brasil e a facilidade de financiamentos em outros países formam a combinação que intensificou o interesse de brasileiros pela compra de imóveis no exterior. Outro fator relevante é a provável valorização desses endereços – muitos que compram lá fora esperam poder revender o imóvel e, em pouco tempo, lucrar com a ne­­­gociação.

Tão grande é o interesse que imobiliárias sediadas no exterior estão investindo em corretores e correspondentes aqui no Brasil. O potencial do mercado brasileiro é a aposta da Nexxos Realty, que, em abril, fará um evento em Curitiba para investidores e "formadores de opinião", de acordo com a diretora da imobiliária, Anamaria Velasquez, que é corretora de imóveis em Miami, na Flórida.

O ensolarado estado norte-americano é um dos destinos mais procurados por brasileiros: a estimativa da imobiliária é de que a procura de imóveis por brasileiros lá dobra a cada ano. De acordo com a Florida Realtors, associação que reúne corretores de imóveis da Florida, os brasileiros já representam 8% dos compradores internacionais naquele estado.

Além da Florida, centro de lazer e compras dos Estados Unidos, brasileiros também procuram imóveis em Nova York, Londres e cidades de Portugal e Espanha. O cenário interessante para os brasileiros, em tantos locais, pode ser explicado pelos reflexos da crise financeira internacional de 2008 nesses países.

"Em setembro de 2007, o preço dos imóveis nos Estados Unidos caiu tanto que voltou ao patamar de dez anos antes, ficando entre 30% e 40% mais baratos que as ofertas no Brasil. Depois do estouro da bolha, a arbitragem da taxa de juros, que baixou de cerca de 6% anuais para valores que quase chegam a zero, possibilitou a entrada maciça de capitais do exterior", explica o doutor em Economia Luciano D’Agostini, professor da Facinter.

Na mesma época em que os preços baixaram por lá, no Brasil o valor dos imóveis começou a subir vertiginosamente, estimulando os investidores a aplicar o dinheiro fora do país. "Quem viaja percebe que o nosso dinheiro está valendo muito e em outros países podemos comprar coisas que não poderíamos adquirir aqui, como os imóveis. Nosso poder de compra lá fora anima quem tem algum dinheiro poupado", afirma D’Agostini.

O valor do metro quadrado em um imóvel apelidado de "pé na areia", ou seja, à beira-mar, em Miami, é de em média US$ 3,5 mil. No Brasil, o preço do mesmo espaço em lugares como Búzios (RJ) e a Praia de Jurerê, em Florianópolis, pode chegar a R$ 12,5 mil.

"Miami é uma alternativa muito atraente para brasileiros, uma vez que a relação preço/valor dos imóveis em comparação com propriedades no Brasil é muito boa. Diante dessa realidade, muitos brasileiros têm escolhido investir nessa região na procura de um lugar ideal para férias e compras", argumenta Anamaria. Estima-se que cerca de 1,1 milhão de brasileiros viajaram para a Flórida no último ano.

Para os norte-americanos, o interesse dos brasileiros em gastar nos Estados Unidos é bem-vindo. Os norte-americanos querem reanimar a economia do país, então fazem questão de tratar bem os brasileiros.

"Além do turismo intenso, os brasileiros estão se mostrando bons consumidores, o que faz com que nós sejamos queridos e bem tratados por lá", comenta o professor Demian Castro, chefe do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

É preciso cuidado para não burlar leis

Fazer negócios fora do país não é ilegal, e há instituições bancárias especializadas nesse tipo de operação. Mesmo assim, é preciso ter cuidado. "A movimentação de capital está menos regulamentada que antigamente, mas sempre é possível encontrar quem faz esse tipo de negociação burlando leis. E muitas vezes, levado pelo corretor, o comprador nem imagina que não está obedecendo as regras", adverte Demian Castro, chefe do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por isso, ele recomenda cautela ao fechar as compras e formas de envio de dinheiro para o exterior.

Mesmo que haja facilidades, os negócios são sempre finalizados com muita discrição, tanto por parte dos corretores quanto dos compradores. A Apolar Imóveis, em Curitiba, proporciona operações de compra e vendas de imóveis no exterior para seus clientes. Para o superintendente da empresa, Michel Galiano, que prefere não comentar valores e número de vendas feitos pela imobiliária, há um potencial grande em Miami e outras cidades.

"Existe rentabilidade, porque os preços estão incrivelmente baixos. Quem comprou está se dando bem", garante. Segundo Galiano, o público que procura essa oportunidade é diverso e os valores iniciais de investimento giram em torno de US$ 50 mil. Em Curitiba, a Apolar é contatada todo mês por seis a oito interessados nesse investimento. Mas não revela valores e nem nomes de quem fecha negócio. "Os próprios clientes pedem isso", diz Galiano.

Segundo ele, as taxas relativas a impostos ficam perto de 5% do valor do imóvel. Mas a indicação é buscar um advogado em corretores no país de interesse, para confirmar que toda a tramitação está ocorrendo dentro das leis dos países envolvidos.

O economista Luciano D’Agos­­­tini também ressalta a cautela necessária para fechar o negócio. "Quem compra não conhece o mercado imobiliário do local, e vai estar inserido na legislação e nas regras daquele país. Então não é possível comprar sem assessoria ou sem conhecer bem o local", defende.

Perfil

De acordo com a corretora de imóveis Anamaria Velasquez, que há oito anos estuda o mercado americano de imóveis para estrangeiros, há dois tipos de compras feitas pelos brasileiros. "Alguns procuram apartamentos perto do mar para desfrutar durante as suas férias. Outros têm adquirido condomínios como uma forma de investimento, especialmente na zona fi­­nanceira da cidade. Neste caso, eles procuram alugar e aproveitam o dinheiro das rendas", afirma. (TB)

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