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Os técnicos da União Européia que visitam o Paraná e o Mato Grosso do Sul até a próxima terça-feira, para verificar as medidas que estão sendo tomadas contra a febre aftosa no rebanho bovino, estão encontrando cenários bem diferentes em cada estado. O Mato Grosso do Sul concluiu há uma semana o sacrifício de 33,8 mil animais nas áreas infectadas e já iniciou a contagem regressiva de seis meses para recuperar o status de área livre da aftosa com vacinação. No Paraná, os cinco técnicos europeus encontraram uma situação indefinida: o estado ainda não conseguiu sacrificar as 1,8 mil cabeças da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira (Norte do estado), onde o Ministério da Agricultura declarou oficialmente ter encontrado um foco de aftosa.

Embora a decisão pela matança dos animais tenha sido tomada pelo Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) há 19 dias, até agora não foi cumprida. O dono da fazenda, André Carioba – que alega que o gado está sadio e quer abatê-lo para vender a carne –, conseguiu uma liminar judicial impedindo o sacrifício.

A liminar foi concedida no dia 12, pelo juiz substituto da 3.ª Vara Federal de Londrina, Cleber Sanfelici Otero. Até a última sexta-feira, nem a União e nem o governo paranaense – os dois réus na ação cautelar movida pelo fazendeiro – haviam recorrido ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre (RS), para derrubar a liminar. O prazo, segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal no Paraná, expira na quinta-feira. A demora na tomada de decisões tem sido a norma no impasse em torno da possível existência da febre aftosa no estado, iniciada em 21 de outubro, quando a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) anunciou que havia animais com sintomas da doença em quatro fazendas.

Apenas na última sexta-feira, o Ministério da Agricultura entregou à Justiça Federal os laudos exigidos pelo juiz Otero. Na sentença com a liminar, ele ordenou que o ministério apresentasse em cinco dias, a partir da citação, as análises que o levaram a concluir pela aftosa na Fazenda Cachoeira. O prazo venceu dia 19, mas o ministério pediu que o juiz considere a contagem a partir do dia 23, data em que a liminar foi juntada ao processo. Com isso, tenta evitar o pagamento de multa de R$ 1 mil por dia de atraso.

O delegado do Ministério da Agricultura no Paraná, Valmir Kowalewski de Souza, negou que esteja havendo um "jogo de empurra" entre União e estado. "É uma questão que está sub júdice, que tem prazos que precisam ser respeitados", afirmou Kowalewski. Ele disse confiar que o juiz acate a defesa apresentada pelo ministério e torne sem efeito a liminar concedida. A reportagem procurou o vice-governador e secretário de Agricultura, Orlando Pessuti, na sexta-feira. Ele estava em viagem ao interior do estado, prometeu retornar as ligações feitas, mas isso não ocorreu até o fechamento desta edição.

"A cada dia que se protela o sacrifício dos animais, o estado perde US$ 800 mil (cerca de R$ 1,8 milhão)", afirma Gustavo Fanaya, economista Sindicarne, entidade que representa os frigoríficos do estado. Segundo ele, desde o início de outubro, o prejuízo nas exportações de carnes paranaenses já somam US$ 69,5 milhões (cerca de R$ 160 milhões).

A reportagem apurou que um acordo, nesta semana, poderá resolver o impasse. Após o sacrifício dos animais, o estado deve recuperar seu status de área livre de aftosa com vacinação em seis meses.

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