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O desfecho para o Grupo Rede, cujas holdings estão em recuperação judicial, foi adiado para sexta-feira (7), após credores e o atual controlador do Grupo não chegarem a um acordo em assembleia nesta quarta-feira (3). Credores defendem que o plano apresentado por Energisa seja apreciado, enquanto o controlador atual do grupo afirmou não ter confiança nessa proposta quanto à origem de recursos para investimentos.

A Energisa garante ter recursos necessários e credores na assembleia sinalizaram apoio à empresa. Já CPFL Energia e a Equatorial Energia disseram que retirarão sua proposta se ela não for votada na sexta-feira. Com o impasse, ficou definido que Energisa irá protocolar seu plano com alterações até quinta-feira, às 10 horas, na justiça.

Thomas Felsberg, advogado do Grupo Rede, disse que o controlador, que firmou compromisso de venda com a CPFL e Equatorial, buscará garantir que o plano desse consórcio seja levada a votação na próxima assembleia. Ele não deixou claro se irá levar à votação o plano da Energisa, se credores não aprovarem o plano das concorrentes em votação. "Eu não vou assumir nenhum compromisso nesse momento", disse, admitindo que pode avaliar o que a Energisa vai propor.

O advogado da CPFL, Eduardo Munhoz, disse que se a proposta conjunta da empresa com a Equatorial não for individualmente votada na próxima assembleia, o consórcio desistiria da compra. Para que o plano de compra e recuperação do Grupo Rede seja aprovado, credores e controlador têm que chegar a um acordo.

O advogado dos bondholders, Eduardo Mattar, disse após a assembleia que o seu entendimento é que os credores podem pedir para votar o plano da Energisa na próxima assembleia. Mais cedo, Energisa e o grupo formado por CPFL e Equatorial Energia chegaram a impor a validade de suas ofertas de compra do Grupo Rede à aprovação das respectivas propostas por assembleia de credores da companhia nesta quarta-feira, na tentativa de pressionar para a tomada de decisão.

A assembleia foi novamente suspensa por duas horas, depois que as ofertantes impuseram suas condições. Alguns credores pediram adiamento até sexta-feira, para terem tempo de avaliar as propostas, já que a oferta da Energisa foi protocolada apenas na terça-feira e ainda foi depois modificada.

CPFL e Equatorial argumentam que os credores já tiveram bastante tempo para avaliar sua oferta.

Refinanciamento

Após questionamentos de credores, a Energisa retirou de sua proposta a condição de que houvesse uma adesão mínima de credores com garantia real à opção de recebimento da divida que inclui o refinanciamento.

O FI-FGTS, um dos credores com garantia real, se manifestou que não pretende aportar qualquer recurso no Grupo Rede. A proposta da Energisa inclui o pagamento dos credores em até 22 anos, com diversas opções de pagamento e, segundo a Energisa, tem valor presente entre 650 milhões a 700 milhões de reais maior que a concorrente.

O plano da Energisa ainda propõe um investimento total de 1,95 bilhão de reais para pagar credores e outros 1,1 bilhão para investimento nas empresas do grupo, para atender compromisso estabelecido com a Aneel.

A CPFL Energia e a Equatorial Energia, que tinham contrato de compromisso de compra firmado com o atual controlador do Grupo Rede, oferecem 1,8 bilhão para pagamento aos credores e outros cerca de 773 milhões de reais para investir nas empresas. "As duas propostas são ruins ainda", disse o advogado dos bondholders do Grupo Rede, Eduardo Mattar, a jornalistas.

A Energisa propõe diversas propostas de pagamento aos credores, sendo 850 milhões direcionados aos credores com garantia real e 1,1 bilhão aos quirografários. Os credores com garantia real têm opção de receber a divida total em 22 anos, corrigida por taxa de referencia(TR)+ 2 por cento ao ano.

A segunda mantém prazo de 22 anos, com correção de TR+4 por cento ao ano, desde que o credor aceite em aportar dinheiro novo, num financiamento de 20 anos, e carência de 12 anos, com TR+7 por cento. A opção C prevê o pagamento ao credor da divida à vista, com desconto de 75 por cento.

Os credores quirografários poderiam optar também entre 3 opções. Uma estima pagamento da divida sem desconto em 22 anos, com juro de 1 por cento ao ano.

Outra prevê o pagamento da divida em 22 anos, corrigida por IPCA+1 por cento, com aporte novo pelo credor de 90 por cento do valor de sua divida, a ser financiado em 20 anos, com juros de 3,5 por cento ao ano e carência de 4 anos. A terceira prevê o pagamento da divida com 75 por cento de desconto, à vista.

A ideia inicial da Energisa era que a proposta só seria válida se no mínimo credores com garantia real com divida somada equivalente a 700 milhões de reais aderissem a segunda opção de recebimento da divida, a que inclui aporte de capital. Essa condição foi retirada posteriormente.

Ainda, credores quirografários com dívidas somadas de pelo menos 1,5 bilhão de reais terão que aderir a terceira opção correspondente, de desconto de 75 por cento na dívida, para que Energisa leve o plano adiante.

O prazo de recuperação judicial do Grupo Rede finda em 15 de julho e as distribuidoras de energia do grupo que estão sob intervenção da Aneel têm que ser assumidas por um novo controlador ate 30 de agosto, data do término da intervenção nas companhias, quando a concessão das empresas poderá caducar.

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