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Sem nenhum avanço há mais de um ano, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia entrou em um impasse causado pela descrença dos europeus na qualidade da oferta que os sul-americanos garantem já ter pronta. Há alguns meses, membros da UE cobram do Brasil – que tem liderado as negociações – a necessidade de ver o que o Mercosul propõe antes de apresentar a sua oferta. O motivo, alegam diplomatas europeus ouvidos pela reportagem, é a dúvida se a Argentina realmente irá propor uma abertura compatível com que se espera de uma proposta conjunta, especialmente com a crise que assola o vizinho.

Do lado brasileiro, a recusa europeia de fazer o combinado – marcar uma data onde os dois lados apresentarão suas ofertas ao mesmo tempo, para que se comece uma negociação – é vista como uma ofensa, já que os sul-americanos garantem que chegaram a uma proposta de 87% das linhas tarifárias, dentro do razoável pedido pela UE.

Em visita ao Brasil, o ministro de Comércio Exterior da Bélgica, Pieter De Crem, confirma que realmente há um impasse que só será superado com negociações “em alto nível”, mas tentou justificar a posição europeia e defender as vantagens do acordo para o Brasil. “Somos um mercado de 400 milhões para o qual o Brasil teria acesso imediato”, afirmou.

“Eu entendo as preocupações e vou levá-las à Comissão Europeia. Mas o que a UE quer é saber de onde partiremos para abrir essas negociações”, afirmou De Crem, que esteve com vários ministros brasileiros em uma visita de três dias.

O ministro belga criticou, ainda que não abertamente, a estratégia brasileira de cobrar presidentes e ministros europeus em visita para que se iniciem as negociações. Lembrou que a União Europeia representa o conjunto de 28 países e não dará resultado ir a cada país fazer gestões sobre o acordo.

Mesmo assim, a avaliação do governo brasileiro é que se não houver pressão sobre os membros, o acordo dificilmente andará, já que com a eleição na Comissão, no ano passado, a boa vontade do ex-presidente José Manuel Durão Barroso, que iniciou o processo, foi substituída pela falta de interesse de Jean-Claude Junker, de Luxemburgo.

América do Norte

O ministro belga reconhece, ainda, que as negociações com o Mercosul ficaram em segundo plano com os avanços do acordo com Estados Unidos e Canadá. “Essa passou a ser nossa prioridade política, isso é uma verdade. Não está no horizonte imediato, mas está próximo. Eu diria que numa escala de um a 10, já está em sete”, explicou.

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