O volume crescente de importação de aço que vem sendo registrado no Brasil acirrou as diferenças entre o Instituto Aço Brasil (IABr), entidade que representa as siderúrgicas, e as distribuidoras do setor.
Para o presidente do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, o nível recorde dos estoques nacionais reflete as "importações especulativas" das distribuidoras. Segundo ele, elas estariam se ancorando em benefícios fiscais oferecidos pelo governo. As distribuidoras dizem, por sua vez, que importam porque estão em busca de preços mais baixos.
"Essas importações especulativas estão sendo realizadas, diga-se de passagem, sem beneficiar o consumidor final. Alguém está se apropriando dessa margem, e é o distribuidor", afirma Lopes. Já Christiano da Cunha Freire, dono da segunda maior distribuidora de aço do País, afirma que as companhias seguem apenas as regras de mercado.
"Todo mundo procura comprar mais barato e o preço do aço lá fora está 10% a 15% mais barato do que o cobrado internamente", explica. O mercado considera que a partir de 15% de prêmio já vale a pena para os consumidores de aço assumir os riscos de importação, como o cambial e a defasagem entre a data do pedido e a da entrega. Existe ainda o custo de frete, que acaba sendo compensado pelos incentivos fiscais oferecidos por Estados brasileiros para o uso de portos fora de São Paulo.
São esses os benefícios que o presidente do IABr critica. Mas, segundo Freire, os benefícios são praticamente neutralizados pelos custos de frete, que podem chegar a representar de 10% a 13% do valor da mercadoria. Dados do Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (Inda) revelam que os estoques de aço já atingiram o nível histórico de 3,6 meses de consumo, frente aos tradicionais 2,6 meses. Para Freire, esse aumento se deve ainda ao câmbio favorável e a uma recomposição de estoques pelas companhias.
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