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O Brasil deverá importar um volume aproximado de 650 milhões de litros de etanol no período que vai do começo da safra 2011/12, em abril, até o final da temporada, em março do ano que vem, buscando suprir o aquecido mercado de combustíveis.

O país já importou 400 milhões de litros de etanol anidro em 2011 para atender a demanda no mercado doméstico, e deve importar mais cerca de 250 milhões de litros até o final da safra, disse à Reuters o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, nesta quarta-feira.

O país começou a safra 2011/12 com estoques apertados, após uma produção inferior à esperada na temporada anterior, e teve de importar. E recentemente a estimativa de moagem de cana no centro-sul foi reduzida em 6 por cento em relação à estimativa inicial, para 533,5 milhões de toneladas, contra 557 milhões de toneladas em 2010/11, resultando em uma produção menor do biocombustível.

"O que precisamos é plantar cana. O país tem um déficit de 48 milhões de toneladas... E está se preparando para importar", disse Padua, referindo-se aos novos negócios no exterior.

A safra 11/12 foi reduzida em meados deste mês por conta de problemas climáticos e de investimentos insuficientes nos canaviais do centro-sul do Brasil, que responde por cerca de 90 por cento da cana produzida no país.

Assim, a produção de etanol cairá de 25,3 bilhões de litros em 10/11 para 22,5 bilhões de litros em 11/12.

O produto importado vem principalmente dos Estados Unidos, mas também foram feitos negócios com etanol europeu, em um momento em que distribuidores de combustíveis no Brasil se esforçam para cumprir a determinação legal de adicionar 25 por cento de etanol anidro na gasolina.

De acordo com dados do governo dos EUA, os Estados Unidos exportaram no ano até abril para o Brasil cerca de 350 milhões de litros.

Segundo o diretor da Unica, as compras de etanol no exterior ocorrem após anos sem importações, uma vez que a produção esteve crescente por aproximadamente dez safras, sendo projetada para cair somente nesta temporada após uma década de ganhos consecutivos.

ANIDRO

O diretor da Unica informou que as usinas têm priorizado a produção de anidro, buscando suprir a necessidade da adição à gasolina.

"Acho que, com o aumento da produção de anidro, o mercado está ajustado. Pontualmente, não vejo razão para alteração na mistura", disse.

A entidade defende a manutenção do percentual atual da mistura, mas o governo pode alterar o número por preocupações de que a alta no preço do etanol possa "contaminar" os valores da gasolina e colaborar para elevar a inflação.

O tema deve ser debatido em uma reunião ministerial em Brasília nesta quarta-feira.

"Estamos na expectativa de que não aconteça nada", disse o diretor, lembrando que o setor tem nova reunião com integrantes do governo em 11 de agosto.

Uma eventual diminuição da mistura, por outro lado, poderá levar a Petrobras a ampliar suas importações de gasolina, uma vez que a estatal está no limite de sua produção para atender ao crescente consumo, após décadas sem inaugurar novas refinarias.

AÇÚCAR

Sobre a produção de açúcar, Padua afirmou que dificilmente as usinas irão conseguir recuperar até o final da temporada a defasagem de aproximadamente 2 milhões de toneladas registrada até o momento em relação à produção da safra anterior.

"Está difícil recuperar os 2 milhões de toneladas, vai depender da qualidade da cana de agora em diante... Vai depender da produção de cana quinzena a quinzena, e não estamos vendo grande recuperação", declarou.

O nível de Açúcar Total Recuperável (ATR) está em 125,7 kg por tonelada de cana em 11/12, contra 129,8 no acumulado da safra até 16 de julho, devido a fatores como o envelhecimento das plantas e o clima.

Segundo o diretor, assim como no caso do etanol, as fábricas de açúcar estão trabalhando no limite. "Só não vai fazer mais açúcar porque não tem cana e não tem ATR", disse ele, referindo-se aos volumes inferiores ao da temporada passada.

A produção de açúcar do centro-sul do Brasil foi estimada em 32,3 milhões de toneladas pela Unica, contra 34,5 milhões na estimativa inicial e ante 33,5 milhões na temporada passada. Mas alguns consultores consideram que a fabricação em 11/12 fique mesmo próxima de 30 milhões de toneladas.

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