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A participação dos veículos no mercado brasileiro está aumentando. Confira |
A participação dos veículos no mercado brasileiro está aumentando. Confira| Foto:

Montadoras olham para mercado global

Foram vendidos no mercado brasileiro 416 mil veículos importados no período de janeiro a outubro deste ano, em um universo de 2,5 milhões de unidades comercializadas pelas concessionárias. O volume é 21% superior ao vendido em 2008. Com esse crescimento, a balança comercial do setor ficou no vermelho, já que as exportações ficaram em 370 mil unidades em 2009 – volume bastante inferior às 639 mil unidades exportadas no mesmo período de 2008.

No Porto de Paranaguá, o movimento de importação também já supera o de embarques. Foram 51 mil carros exportados e 53 mil importados até a semana passada. Os maiores clientes do porto são a Volkswagen, cuja principal importação é o Spacefox argentino, e a Renault, que traz principalmente o Symbol e o Clio, também da Argentina. Com operações maiores das montadoras Renault e Nissan em Paranaguá, foi usado pela primeira vez neste mês o Pátio Público de Veículos, obra entregue pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) no início do ano.

O Mercosul responde por mais de 60% das importações do setor automotivo e é seguido pelo México – nos dois casos a razão é a existência de acordos comerciais. "A entrada de carros importados pode aumentar, dependendo da distribuição da produção feita pelas empresas. Hoje elas pensam globalmente e produzem onde os custos são menores", diz Marcelo Cioffi, da PwC. "Mas a produção nacional não está ameaçada. O Brasil se especializou em carros compactos e os investimentos nesse segmento devem continuar." Além disso, a indústria brasileira é uma das mais protegidas do globo. Aqui, os veículos que chegam de lugares com os quais o país não tem acordo comercial pagam 35% de Imposto de Importação.

  • Spacefox importados da Argentina chegam ao Porto de Paranaguá, no litoral paranaense: montadora Volkswagen é uma das maiores clientes do terminal

A participação dos veículos importados no mercado brasileiro atingiu neste ano ao maior índice desde 1998 – ano que antecedeu a desvalorização que derrubou o câmbio controlado da primeira fase do Plano Real. Naquele ano, os importados responderam por quase 20% das vendas no Brasil, mas elas passaram a cair após a crise do início de 1999, até bater em menos de 4% em 2004. Neste ano, até outubro, a fatia de mercado estava em 16%, o que equivale a 416 mil veículos. Entre os fatores que explicam a volta dos importados estão a valorização do real nos últimos anos, os acordos automotivos com outros países do Mercosul e com o México, e o excesso de capacidade de produção em mercados que foram mais atingidos pela crise. "Neste ano, só a China e o Brasil apresentaram algum crescimento nas vendas entre os principais mercados do mundo. Por isso não é de se estranhar a maior entrada de produtos de fora", diz Marcelo Cioffi, especialista no setor automotivo da consultoria PricewaterhouseCoopers.As importações se dividem em duas áreas. A primeira é de veículos com vendas elevadas e que complementam a oferta local. É o caso do Siena, da Fiat, o carro com maior volume de importações. Foram 46,5 mil unidades de janeiro a outubro vindas da fábrica em Córdoba, na Argentina, e que representam cerca de 40% das vendas totais do modelo. A General Motors faz o mesmo com o Classic Sedan, que também vem da Argentina.

Além de complementar a produção nacional, as montadoras instaladas no país trazem de fora modelos para rechear seus portfólios. "Boa parte das importações é de veículos de maior porte e preço, segmento no qual em muitos casos o Brasil não tem escala para justificar produção local", explica Letícia Costa, presidente da consultoria Booz Allen Ha­­milton no Brasil. Entram na lista modelos como o Hilux, da Toyota, o Fusion, da Ford, e o Captiva, da GM.

A escalada nas importações também é impulsionada pelo maior interesse de montadoras que não têm fábricas no país. Os casos mais emblemáticos são os das coreanas Hyundai e Kia, que fazem parte do mesmo grupo e têm investido pesado na expansão de suas vendas. A Hyundai, inclusive, emplacou o utilitário Tucson na lista dos 50 modelos mais vendidos no país, com 25 mil unidades até outubro. A demanda foi suficiente para que esteja em andamento o projeto de uma fábrica em Goiás."Como o mercado está aquecido, vamos ver outras tentativas de introdução de novas marcas", diz José Rinaldo Caporal Filho, diretor da consultoria Megadealer. Ele destaca que o movimento mais intenso vem da Ásia. No ano passado, a japonesa Suzuki, que havia desistido de operar no país, decidiu voltar ao Brasil com o modelo Vitara. A coreana SsangYong e as chinesas Chery e Effa também estão aprimorando a distribuição no país. "Só na China existem mais de 100 montadoras. Muitas delas terão interesse no Brasil", completa.

Os produtos chineses, porém, terão de vencer a imagem de ter pouca qualidade. "A ameaça chinesa é de mais longo prazo. Os produtos ainda estão aquém em qualidade. Eles terão de superar um certo preconceito com relação aos seus produtos, já que não têm tradição no setor", diz Letícia, da Booz Allen.

Será um trabalho parecido com o que estão fazendo as montadoras coreanas. "Investimos de forma agressiva em marketing, patrocinando grandes eventos, e hoje o consumidor já conhece a marca", diz o diretor de vendas da Kia, Ary Jorge Ribeiro. Segundo ele, a renovação e ampliação da linha de produtos, aliada à concessão de garantia ampla, de cinco anos, está fazendo com que a montadora suba no conceito do consumidor. A Kia reponde hoje por 1,1% do mercado brasileiro, com vendas estimadas em 25 mil unidades trazidas da Coreia neste ano, 25% a mais do que em 2008. "Queremos crescer mais rápido que os outros e chegar a 2% do mercado em 2010", diz.

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