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Anefac mostra que de seis linhas de crédito, cinco subiram juros, entre elas a do comércio | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Anefac mostra que de seis linhas de crédito, cinco subiram juros, entre elas a do comércio| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Selic influencia taxas do mercado

Além de mais criteriosos, os bancos também estão impondo taxas de juros mais salgadas para quem vai fazer um empréstimo. O Banco Central já aumentou quatro vezes a taxa de juros Selic neste ano – a última em 28 de agosto, para 9% ao ano. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac), as taxas de juros já acompanham esse movimento.

Em julho (dado mais recente), das seis linhas de crédito pesquisadas pela Anefac, cinco subiram os juros – comércio, cheque especial, financiamento de automóveis, empréstimo pessoal pelos bancos e empréstimo pessoal por meio de financeiras. O Paraná ficou, em julho, com a maior taxa de juros cobrada no país no crediário, com 63,46% ao ano.

Os spreads (diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar os recurso e as taxas cobradas para emprestar) também estão mais altos, segundo o Banco Central, e chegou a 25,7 pontos porcentuais para pessoas físicas.

De olho no Natal

Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos financeiros da Anefac, a tendência é que, com o aperto monetário do Banco Central via aumento de taxa de juros, as condições do crédito se mantenham menos favoráveis nos próximos meses. "Talvez, para o Natal, as condições melhorem um pouco, mas isso vai depender de como a economia vai ficar até lá", diz.

Apesar da queda da inadimplência, os bancos ainda não afrouxaram o crédito para o consumidor. A piora na conjuntura econômica está fazendo com que os bancos, principalmente privados, mantenham a cautela na concessão de empréstimos. O novo ciclo de alta da taxa básica dos juros (Selic), por sua vez, já encareceu os financiamentos.

INFOGRÁFICO: Veja como está o acesso ao crédito

Segundo pesquisa da Fecomércio-PR, o porcentual de famílias que acreditam que o acesso ao crédito está mais fácil caiu de 81,8% em agosto de 2012 para 69,9% no mesmo mês deste ano. Em compensação, os que acreditam que está mais difícil contratar crédito para compras a prazo aumentou de 13,3% para 16%.

A dificuldade aumenta justamente em um momento em que a inadimplência está caindo. No último ano, o calote (dívidas não pagas por mais de 90 dias) caiu de 8,2% para 7,2% entre as pessoas físicas nos chamados recursos livres, que medem principalmente o crédito para consumo.

"Em tese, a inadimplência em queda reduz o risco do sistema, o que seria um motivo para os bancos voltarem a emprestar e melhorar as condições oferecidas, mas isso não vem ocorrendo", diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos financeiros da Anefac.

Segundo ele, os bancos olham para frente e têm dúvida sobre o crescimento do país. A alta dos juros esfria ainda mais a economia e pode gerar mais inadimplência e desemprego no futuro.

Rigor na aprovação

O cenário de incertezas torna os bancos mais rigorosos na aprovação dos cadastros dos clientes, com maior número de exigências para liberação dos financiamentos e um acompanhamento mais abrangente do histórico de pagamentos.

Sobre esse comportamento pesa ainda um outro indicador, o de dívidas com atrasos entre 15 e 90 dias. Considerado um antecedente da inadimplência, esse porcentual registrou leve piora de junho para julho – de 6,5% para 6,6% da carteira de empréstimos, o que significa que possa haver um repique de inadimplência nos próximos meses.

Com exceção do crédito imobiliário, os bancos estão mais seletivos em todas as modalidades de empréstimos, segundo o economista Fábio Tadeu Araújo, professor da PUC-PR. "Os bancos olham a localização e o tipo de carteira de empréstimos. E a rigidez é maior em setores onde a inadimplência, mesmo em queda, ainda está alta", diz.

Influenciadas principalmente pelo mercado imobiliário, as concessões de crédito para pessoas físicas continuam crescendo, mas em ritmo mais modesto, segundo o Banco Central. O avanço, que girava em 15% ao ano, hoje está em 10%. Em julho, atingiu R$ 133,6 bilhões. Com os bancos privados mais seletivos, os bancos públicos têm aumentado a participação da concessão de empréstimos. Em julho, eles representaram 50,5% do estoque. Um ano antes, esse porcentual era de 45,6%.

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