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Piora da economia provocou aumento nas taxas de juros, restringindo o acesso ao crédito livre. | Marcos Santos/USP imagens/Fotos Públicas
Piora da economia provocou aumento nas taxas de juros, restringindo o acesso ao crédito livre.| Foto: Marcos Santos/USP imagens/Fotos Públicas

O aperto na oferta de crédito e a redução do consumo das famílias não foram suficientes para segurar o aumento da inadimplência. Diante de um cenário de deterioração na economia brasileira, o número de pessoas que não honraram as suas dívidas cresceu quase um ponto percentual de janeiro de 2015 (5,33%) até o mesmo mês deste ano, quando o índice chegou a 6,24%, conforme o Banco Central. Este número é o maior desde junho de 2013, período em que a inadimplência para pessoa física no crédito livre – aquele que os bancos oferecem para adquirir diferentes tipos de bens e produtos – foi de 6,31%.

INFOGRÁFICO: endividamento e o comprometimento da renda das famílias entre 2011 e 2015

Com a perspectiva de alta no desemprego e de uma recessão prolongada, analistas preveem que estes números devam apresentar uma piora neste ano. “Num primeiro momento, as pessoas que são afetadas pelo desemprego ainda têm colchões para amenizar o impacto, como o FGTS e o seguro desemprego. Mas, quando essas reservas chegam ao fim, o que se percebe é um aumento na inadimplência”, diz a economista-chefe da Rosenberg, Thais Zara.

Desemprego

O temor pelo desemprego e a expectativa de fechamento de vagas de trabalho também influenciaram nestes números, pondera o economista da RC Consultores Thiago Biscuola. Em janeiro deste ano, a taxa foi de 7,6%, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, a mais alta para o mês desde 2009, quando fechou em 8,2%. “Antes, quando se perdia o emprego, era possível conseguir uma recolocação mais rápida no mercado. Mas o que temos visto é um aumento do tempo de espera, fazendo com que a renda do trabalhador sofra um baque”, acrescenta.

Apesar da tendência de alta no índice, o BC aponta que, mesmo com o cenário adverso, o endividamento das famílias caiu no ano passado. Excluindo-se o crédito imobiliário, o indicador foi de 26,53% em novembro de 2015, contra 28,2% no mesmo mês de 2014. Trajetória semelhante foi observada no comprometimento da renda das famílias para o pagamento de dívidas. Sem contar o financiamento habitacional, o índice atingiu os 19,91% em novembro passado, ante 20,02% em outubro do mesmo ano. No acumulado dos 12 meses, porém, os números tiveram uma leve alta. Em novembro de 2014, ele estava em 19,55%.

Cautela

Para o economista da RC Consultores Thiago Biscuola, estes números são reflexo da maior seletividade das instituições financeiras para a concessão de crédito, do alto custo para adquiri-lo e da redução da intenção de compra pelas famílias. “Os bancos anteviram a piora do mercado e ficaram mais restritivos. Mas as pessoas também tiveram o seu papel, já que as altas taxas de juros desestimularam as compras”, avalia.

O economista da Pezco Helcio Takeda considera que a renegociação de dívidas nos bancos e financeiras também contribuiu para que a inadimplência não estourasse em 2015. “Os bancos trabalharam para negociar o estoque das dívidas.”

Falta de confiança freia endividamento das famílias

O mau momento da economia interferiu pouco no endividamento e comprometimento da renda das famílias, que teve uma variação sutil de 2011 para cá. Em março daquele ano, o primeiro índice era de 31,07%, ante 26,53% em novembro do ano passado. Considerando-se o mesmo período, a variação do segundo indicador foi de 19,33% para 19,91%. Em ambos os casos, o crédito imobiliário foi desconsiderado .

O endividamento representa o peso das dívidas de um determinado mês em comparação com a renda acumulada em um ano. Já o comprometimento corresponde ao quanto as dívidas de três meses representam na renda familiar neste mesmo período. Para o economista Thiago Biscuola, a estabilização dos indicadores se deve à falta de confiança das famílias na economia brasileira.

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