As incertezas em relação à economia brasileira diminuíram em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). A continuidade desse movimento, entretanto, está ameaçada pela dinâmica insatisfatória do cenário internacional e pelas incertezas fiscais, diz Anna Carolina Gouveia, economista da instituição.
Segundo o Ibre, dois aspectos preocupam no cenário internacional. Um deles é a dificuldade em saber se os Estados Unidos já encerraram o ciclo de aumento nas taxas de juros. O outro diz respeito aos problemas de crescimento da China, que podem afetar as exportações, principalmente de petróleo e minério de ferro, dois dos principais produtos da pauta brasileira.
Outro fator que pode acrescentar incerteza em relação à economia mundial são os reflexos da guerra no Oriente Médio, detonada pelo ataque do grupo terrorista Hamas a Israel. Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo apontam que a principal preocupação é com o preço do petróleo, que pode favorecer uma nova retomada da inflação global.
No Brasil, uma das preocupações é com a deterioração da situação fiscal. O setor público saiu de um superávit primário de 1,27% do Produto Interno Bruto (PIB) no fim de 2022 para um déficit de 0,7% em agosto de 2023, dado mais recente.
Nesse intervalo, o endividamento público aumentou de 72,6% para 74,4% do PIB. Além disso, uma pesquisa feita em setembro pela Genial Investimentos aponta que 95% dos entrevistados do mercado financeiro não acreditam que o governo federal conseguirá zerar o déficit no ano que vem.
Esse cenário pode contribuir para que empresas, consumidores e o mercado financeiro fiquem mais cautelosos em relação à economia brasileira. A confiança dos empresários, de acordo com o Ibre, está em faixa moderadamente baixa pelo quarto mês consecutivo.
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