• Carregando...
Electrolux creditou férias à “desaceleração da economia” | Brunno Covello/ Gazeta do Povo
Electrolux creditou férias à “desaceleração da economia”| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

Retração

Setor de móveis diversifica produção para não estocar

No Paraná, a indústria de transformação mostra retração inferior à média nacional entre janeiro e abril, mas os mesmos setores se repetem na lista do breque de produção. Um deles é o de móveis. Um agravante regional – o segundo pólo do setor fica no Paraná – é que as pequenas empresas não têm a opção de dar férias coletivas.

"A maioria das empresas não tem caixa para isso,mas se pudesse dar férias, daria", diz Mauro Pereira Schwartsburd, presidente do Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Paraná (Simov). Para não fazer estoques, fábricas costumam dar férias para alguns funcionários quando possível e diversificam atuação – encaixam a produção de móveis sob medida na de seriados, por exemplo.

Também com produção menor neste ano no Paraná e no Brasil, o setor de eletroeletrônicos tenta ser mais otimista. O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, afirma que já eram esperadas férias coletivas em junho para fábricas da linha branca (geladeiras, lavadoras, etc.). O mês está no calendário do setor para anos em que as vendas não prometem.

Mesmo assim, Kiçula avalia que as vendas não indicam situações mais drásticas. "A redução de IPI ainda se mantém e a linha branca teve um 2012 e um 2013 fabulosos, com 18 milhões de unidades vendidas. O primeiro quadrimestre de 2014 também foi bom. Apenas que neste primeiro semestre o privilégio tem sido mais para TVs", acredita, citando o crescimento de 45% nas vendas da linha marrom, que inclui as TVs.

Indicadores da indústria brasileira mostram que diversos setores puxaram o freio da produção nos primeiros quatro meses do ano – entre eles, automotivo, mobiliário e de máquinas. A situação deve continuar em junho, quando várias fábricas anunciaram o adiantamento das férias anuais dos funcionários, em geral os da produção. Os motivos: uma soma de estoques altos com baixa expectativa de vendas que coincidiu com a Copa do Mundo, quando já eram previstas mais faltas e folgas.

INFOGRÁFICO: Veja quais setores da indústria tiveram queda de produção mais acentuada

Entre as empresas estão Electrolux e Renault, que têm plantas fabris no Paraná, além de Whirlpool e General Motors. Em nota, a Electrolux chamou a mudança de "pontual" e justificou que "no momento, a economia está mais desacelerada e o país passa pelo período de Copa". Também adiantaram o benefício anual parte das indústrias de eletroeletrônicos na Zona Franca de Manaus.

O panorama indica que mais fábricas tomaram essa decisão Brasil afora – até porque a escolha se reflete em toda a cadeia produtiva, em especial nos fornecedores. A Pesquisa Industrial Mensal de abril, a mais recente divulgada pelo IBGE, mostra incremento de 5% na produção do setor de manutenção de máquinas no quadrimestre. Isto porque o período de férias na produção é aproveitado pelas fábricas para fazer a manutenção periódica de maquinário.

Apesar de ajudar a derrubar ainda mais os índices de produção, as férias coletivas são consideradas estratégicas para fábricas que concentram estoques altos. "Parece bastante sensato sendo que a produção para alguns setores foi alta em relação às vendas, que não foram tão boas no segundo trimestre", avalia o economista Ramon Vicente Garcia Fernandez.

A indústria automotiva acumula de janeiro a abril queda de 10% na produção física nacional e de 4% na do Paraná, segundo o IBGE. O dado bate com a queda nas vendas, sempre mais baixas na comparação com 2013 – ano em que o setor foi beneficiado com incentivo fiscal. Já sondagem da Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) em abril mostra que a produção dos setores continua fria, com vendas aquém do esperado.

O adiantamento das férias reflete um mau momento dos setores, mas é mais simples e rotineira do que os lay offs (suspensões de contrato) anunciados por indústrias automotivas neste ano. As férias ao menos garantem baixa rotatividade do quadro de funcionários e a retomada rápida da produção. Isso não significa, no entanto, que o objetivo das empresas seja preservar empregos, lembra Fernandez. Adiantando o pagamento do benefício, as empresas podem abater esse custo de futuras verbas demissionais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]