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Tanto faz o dólar custar R$ 1,95 ou R$ 2,02, para alguns setores exportadores brasileiros a atual cotação da moeda já vem representando perda de receita. A dificuldade é maior para os fabricantes de calçados, têxteis e vestuário, e de madeira compensada e móveis. "Já estamos vivendo um desastre, sem nenhuma vantagem para o país, porque é possível que mais de 250 mil postos de trabalho sejam fechados este ano", afirma o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. Graças a valorização do real, diz ele, o setor passou de um superávit comercial de US$ 684 milhões em 2005 para um déficit de US$ 60 milhões no ano passado.

"A política de juros incentiva o capital especulativo. Nenhum tipo de medida compensatória foi tomada. Não somos ineficientes, nem desaprendemos a produzir, mas é difícil competir lá fora com o câmbio, os juros, a carga tributária e a falta de acordos internacionais que o Brasil tem", reclama Pimentel.

O cenário futuro só não é pior para os fabricantes de madeira processada, porque existe a perspectiva de que os preços aumentem no mercado externo nos próximos cinco anos. "Difícil é saber que vai agüentar até lá, porque estamos perdendo competitividade muito rapidamente. Dependendo do produto, houve queda de mais de 50% em volume e valores", afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada (Abimci), Luiz de Toledo Barros.

O governo vem tentando intensificar o esforço de manutenção da taxa de câmbio e já vem estudando como compensar os setores mais afetados pela valorização do real com desoneração tributária. Na sexta-feira, o Banco Central deu um sinal claro de que ficará mais imprevisível em suas atuações no mercado de câmbio e poderá ser mais agressivo para conter o tombo do dólar. Em curto comunicado, anunciou que não avisará mais com um dia de antecedência que fará operações de "swap cambial reverso". Essas operações funcionam como uma espécie de compra de dólares por parte do BC, sem envolver dinheiro vivo. Quando realiza o swap, o BC fica, como contrapartida de sua posição credora em dólar, devedor em taxa de juros. Até a semana passada, o BC só vinha fazendo operações para cobrir os vencimentos e elas eram sempre anunciadas com um dia de antecedência. (PK com agências)

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