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Tela do Need for Speed: Undercover, lançamento da EA. Gigante dos games cortou empregos, por conta da crise econômica. | Divulgação
Tela do Need for Speed: Undercover, lançamento da EA. Gigante dos games cortou empregos, por conta da crise econômica.| Foto: Divulgação

Mesmo com o resto do mundo caindo em pedaços, os gamers continuam confortavelmente sentados em suas poltronas, empunhando seus joysticks. Não é para menos: em plena crise, um dos poucos mercados que continuam em alta é o deles. O último trimestre do ano é a hora do "vai ou racha" para eletrônicos de consumo (o feriado do Dia de Ação de Graças nos EUA, quinta-feira passada, garantiu sozinho agito e filas extras nas lojas de jogos). Tradicionalmente, a maioria dos fabricantes de jogos espera até dezembro para revelar suas armas secretas. A receita sempre deu certo e este ano, mesmo com a crise, não irá falhar.

A venda de jogos disparou já durante o mês de outubro nos EUA e espera-se que este seja um Natal mais gordo para as lojas do setor no Reino Unido, que amargaram vendas baixíssimas nos dois trimestres anteriores. Analistas na Europa e na América do Norte estão animados com o desempenho da indústria de games para o fim do ano.

Mas por que a indústria dos games não passa pela mesma crise que o resto do mundo? Bem, o hardware caro não está mais na listinha do Papai Noel deste ano, pois já foi entregue antes do Natal. Houve um aumento significativo no número de consoles desde dezembro do ano passado graças à adesão de alguns gamers ao Wii e também ao fato de que os jogos de hoje precisarem de software, não hardware. Alívio para o bolso do consumidor.

Mesmo assim, a indústria de jogos decidiu queimar um pouco de gordura. Grandes nomes como os fabricantes EA, NCSoft e Midway já cortaram alguns empregos. No Japão, país-termômetro para o mercado de games, as vendas estão em baixa. Preencher as prateleiras foi um desafio para os lojistas neste fim de ano, dadas as diferenças no clima econômico. Para o próximo mês de abril já está previsto um clima de menos otimismo e várias tempestades econômicas. Não será uma situação muito agradável para aqueles que não conseguirem bons resultados agora no Natal.

A crise não parece assustar os gamers. Ironicamente, a crise pode ser benéfica para eles no momento. Desenvolvedores autônomos de jogos estão vivendo seu melhor momento: com uma abundância jamais vista de canais de distribuição, existe também um maior número de empregos e contratos formais de trabalho para eles, mesmo com os cortes nas áreas administrativas. Os gamers mais "ligados" já conseguem achar tudo o que estiverem procurando por preços bem acessíveis, quando não de graça. Para quem se interessa mais sobre o assunto, aí vai a dica: a tendência é os grandes fabricantes dividam investimentos entre aparelhos e jogos mais sérios ou mais casuais – aqueles mais simples e fáceis de jogar e de aprender.

A maior parte dos investimentos está indo para os casuais: a Apple já permite que outros aparelhos (hardware) utilizem seu software e alguns fabricantes estão investindo na instalação de slots de TV para os produtos casuais em um mercado cada vez mais competitivo. Um analista já chegou a prever que os casuais irão aniquilar os consoles.

Os fabricantes de hardware, por sua vez, estão investindo pesado em pesquisa em seus próprios canais casuais além de terem adotado novos modelos financeiros. Os jogos mais sérios, que já foram considerados o "irmão nerd" de uma indústria formada por sua própria porção considerável de "nerds", também estão em uma posição muito confortável: devido ao número de vagas de trabalho abertas com a bonança nesta área, os desenvolvedores autônomos têm hoje acesso a educação, ciência, benefícios e uma fonte de renda estável.

O apocalipse pode ter chegado para o resto do mundo, mas os gamers sabem muito bem como lidar com isto. Para quem já está acostumado com aniquilação global e destruição em massa, crises econômicas são "fichinha".

Tradução: Thiago Ferreira.

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