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O jornalista Mason: livro sobre pirataria está aberto para download | Divulgação
O jornalista Mason: livro sobre pirataria está aberto para download| Foto: Divulgação

O sucesso do iTunes e da Apple no mercado de música digital veio do fato de as gravadoras não terem assumido a competição contra a pirataria digital, preferindo processar seu próprio público. Sem competição formal, as majors abriram espaço para a entrada de um executivo de outra indústria (no caso, Steve Jobs) num mercado que era dominado por elas.

Esse é um dos exemplos que o jornalista Matt Mason lista em seu livro "The Pirate’s Dilemma" (Free Press, importado). Analisando a questão da pirataria do ponto de vista da cultura, Matt sugere que as empresas mostrem para seu público que podem oferecer algo melhor. Para não fugir à sua própria linha de raciocínio, Mason colocou o livro para download no site thepiratesdilemma.com. Em entrevista, o jornalista fala sobre o livro e sobre o cenário descrito nele.

Como surgiu a ideia do livro?

Escrevi sobre música durante anos e sempre me interessei em como a cultura funciona como um experimento social que traduz como as pessoas se sentem e como, através da cultura, elas se juntam e tentam fazer com que as coisas funcionem não necessariamente de uma forma já estabelecida. Assim, o movimento punk fez isso com a ideia do consumidor que também se vê como um produtor.

E qual é a principal contribuição da internet neste cenário?

Acho que os pais da internet serão lembrados da mesma forma que hoje lembramos os filósofos clássicos. Não estou falando em troca de mp3, mas de uma mudança que vem reorganizar a sociedade. Estamos vendo, em diferentes áreas, mudanças em estruturas de poder que deixam de ser baseadas no modelo em que um emissor fala para muitos receptores e estão indo para um modelo em que todos conversam com todos. Mas o principal valor da pirataria é que as pessoas podem copiar, legitimar algo novo e criar novos modelos de negócio. Foi assim que Hollywood começou, foi assim que o mercado de música começou e acho que iremos ver novos modelos de negócios surgindo daí.

Os piratas ensinaram algo ao mercado?

Certamente. Muitos estúdios e empresas de mídia estão contratando consultores para saber como lidar com isso e aos poucos estão se livrando da ideia de processar os próprios consumidores. As gravadoras provavelmente nunca irão se livrar da péssima reputação que ganharam ao fazer isso. Antes as pessoas eram apaixonadas pelas gravadoras – pela Motown, pela Atlantic – e hoje você não vê nenhum jovem apaixonado pela SonyBMG, elas viraram o inimigo.

Outros ramos da indústria aprenderam algo com essa experiência?

Com certeza. Veja a série Lost: seus produtores são contra a pirataria, mas eles em vez de brigar contra os piratas, resolveram competir com eles. Assim, se você vive nos EUA, você pode assistir à série de graça no site da emissora. Esse é um bom argumento contra a pirataria – em vez de tentar reprimi-la, tente competir com ela.

Essa aproximação de empresas e piratas pode fazer com que a distinção entre o underground e mainstream desapareça?

Acho que não. Escrevo para um site chamado Free.com e foi da comunidade de troca de arquivos via internet que eu recebi as críticas mais sérias a meu livro. Porque meu livro de uma certa forma tenta legitimar a pirataria e as pessoas que agem como piratas se veem como o underground.

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