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Desigualdades

Brasil ainda está distante de "pleno emprego", diz IBGE

Para Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, o mercado de trabalho das seis maiores metrópoles do país ainda está distante de uma condição de "pleno emprego", como avaliam alguns economistas. Isso porque, segundo ele, "ainda persiste uma distância muito grande" entre as diferentes regiões, embora na média a taxa de desemprego esteja muito próxima a 5% – porcentual tido como "desemprego residual".

A taxa de desemprego fechou dezembro de 2010 em 5,3% e, na média do ano, ficou em 6,7%. Em Salvador, porém, a taxa de desocupação chegou a 11% na média de 2010. Em Porto Alegre, por outro lado, ficou no patamar de 4,5%, a menor marca entre as regiões. Belo Horizonte e Rio de Janeiro também registraram taxas abaixo da média nacional: 5,5% e 5,6%, respectivamente. Já São Paulo e Recife tiveram taxas superiores à média – de 7% e 8,7%, respectivamente. "Não é possível falar em pleno emprego com discrepâncias tão grandes e realidades tão diferentes."

Folhapress

A renda média real do trabalhador brasileiro em dezembro do ano passado, que mostrou queda de 0,7% contra novembro de 2010, foi "corroída" pelo avanço da inflação, nas palavras do gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Azeredo. "A inflação, de certa forma, funciona como uma espécie de barreira ao crescimento do rendimento do trabalho", afirmou. Não fosse o cenário de inflação mais elevada em 2010 – o Índice de Preços ao Con­sumidor Amplo (IPCA) fechou com alta de 5,91%, ante 4,31% em 2009 –, a renda do trabalhador poderia ter apresentado um avanço mais expressivo.

No entanto, mesmo com o salto da inflação no período, o rendimento médio real habitual da população ocupada no mercado de trabalho subiu 3,8% em 2010 ante 2009. Tendo isso em vista, o técnico do IBGE negou que o avanço no rendimento do trabalhador tenha sido de alguma forma "frustrante" entre os bons indicadores de emprego no mercado de trabalho em 2010. "Foi um avanço tímido, mas não frustrante", afirmou Azeredo.

Na avaliação de Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o avanço da inflação é um dos principais obstáculos ao crescimento da renda do trabalhador. "A inflação é muito ruim para a renda, porque ela vem sempre antes de qualquer reajuste de reposição salarial que o trabalhador possa ter", afirmou. "Além disso, a inflação alta aumenta o cenário de incertezas na economia, o que desestimula novas contratações pelas empresas." Para Castelar, o avanço de preços é um dos principais problemas da economia brasileira em 2011.

Avanço menor

O economista da LCA Consultores Fábio Romão acredita que a renda do trabalhador deve subir ainda menos em 2011. "Estamos projetando uma alta [real] de, no máximo, 2,5% para a renda em 2011", acrescentou. Além do avanço inflacionário, Romão lembrou que este ano deve contar com um patamar de elevação menor para o salário mínimo, em relação a anos anteriores, o que deve ajudar a diminuir o ritmo de elevação dos ganhos do trabalhador.

Para o analista da consultoria Tendências Rafael Bacciotti o cenário da renda do trabalhador poderia ser pior, não fossem os bons resultados de emprego com carteira assinada. "Apesar da perda real na margem, dado um cenário de inflação mais pressionado no curto prazo, a evolução da massa de rendimentos é positiva e muito influenciada pelo aumento da formalização no mercado de trabalho", resumiu.

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