Carlos Hamilton Araújo, do BC: inflação na meta, talvez em 2014| Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

Crescimento

Na quarta-feira, falas da presidente Dilma Rousseff na África do Sul causaram um rebuliço no mercado. Ao dizer que "não acredita em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico", Dilma sinalizou, na interpretação de profissionais do mercado, que a alta da Selic não está no horizonte. Como bancos e corretoras vêm trabalhando com um cenário de alta de juros, as declarações causaram desconforto.

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O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que o cenário para a inflação hoje torna "irrealista" uma convergência do IPCA para 4,5% em 2013. "Agora, sobre 2014, acredito que muita coisa ainda possa ser feita para garantir que a convergência ocorra. A projeção divulgada ontem não aponta isso, mas muita coisa pode ser feita de modo que se tenha convergência ao final de 2014", afirmou. O BC trabalha com uma previsão para o IPCA de 2013 de 5,7% e para 2014, 5,3%, segundo o Relatório de Inflação do orgão.

Araújo avaliou ainda que o ritmo da atividade na economia está mais intenso e que há uma expansão moderada do crédito, em especial das linhas voltadas ao consumo. Ele destacou a moderação de ganhos salariais. "Mantidas as regras, em 2014, teremos o salário mínimo crescendo 0,9% do PIB", disse. Ele ressaltou que as indicações disponíveis de convenções coletivas mostram ganhos salariais mais modestos no setor privado.

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Comércio exterior

O diretor do BC projeta crescimento de 7% nas importações deste ano. Sobre as exportações, ele salientou que foi verificada uma forte desaceleração da economia argentina no ano passado, o que acabou afetando as vendas brasileiras, em particular a indústria. "No ano passado, tivemos recuo na taxa de crescimento da oferta de produtos externos e isso se deveu, em parte, à depreciação cambial", avaliou.

Leitura

Na avaliação da economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, a possibilidade de elevação dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) existe, mas não aparece de forma clara ainda no relatório, que aponta a necessidade da medida. "[O relatório] Veio com um tom um pouco mais alto com relação à inflação, mas ainda sem sinalização muito clara. Deixa aberta a possibilidade de elevação dos juros já para a próxima reunião", comentou.