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Rio de Janeiro (Folhapress) – Sob forte impacto do reajuste da gasolina, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dobrou em setembro: alcançou 0,35%, ante 0,17% de agosto. O índice acumulado do ano (3,95%), porém, manteve-se na menor marca desde 1998 (1,45%, em igual período), como havia ocorrido em agosto. Só o reajuste da gasolina, que subiu 10% nas refinarias, representou 40% do IPCA de setembro – ou 0,14 ponto percentual. Ao consumidor, a alta do combustível foi de 3,36%. Apenas parte do aumento na refinaria foi captada em setembro. Com isso, o índice sofrerá também tal impacto. Analistas estimam uma taxa na casa de 0,40% neste mês.

Em setembro, os aumentos de tarifas foram o destaque. Somados outros reajustes de preços administrados (álcool, planos de saúde, taxa de água e esgoto, empregados domésticos e condomínio) com a alta da gasolina, obtém-se apenas nesses itens toda a variação do IPCA no mês.

Outro sinal apontado pelo índice de setembro é que a deflação dos alimentos já não mostra mesma intensidade dos meses anteriores. A queda foi de 0,25% em setembro, ante -0,73% em agosto.

Sob influência do câmbio, o grupo alimentação registrou, no mês passado, a quarta deflação consecutiva. Desde o período de fevereiro a maio de 2000, não havia seqüência igual de taxas negativas seguidas. "Mesmo com uma safra menor, o dólar atuou como âncora cambial dos produtos alimentícios nos últimos meses. Mas o que se pôde ver em setembro foi o começo da reversão do movimento de queda dos preços", disse Eulina Nunes dos Santos, gerente da Coordenação de Índices de Preços do IBGE.

O recuo das cotações do dólar teve impacto especialmente sobre os preços atrelados às commodities agrícolas, como soja e milho. Ainda registraram deflação itens como óleo de soja (0,70%), pão francês (1%) e biscoito (1,05%). Por outro lado, as carnes de frango (2,85%) e bovina (0,99%) subiram, na esteira do aumento das exportações, que reduzem a oferta interna.

Segundo Carlos Thadeu de Freitas, economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ, a provável interrupção da queda dos alimentos será levada em conta pelo Banco Central na definição do ritmo de queda da taxa Selic. Ele acredita que a taxa básica só cairá 0,25 ponto percentual – hoje está em 19,5% ao ano – por causa do fim da deflação dos alimentos.

Já Marcela Prada, da Tendências Consultoria, disse não acreditar que a possível alta dos alimentos em agosto vá alterar a posição o Copom. "Há uma inflação mais alta, mas não num nível preocupante. Acho que o quadro geral é muito bom e não afetará a decisão do BC", afirmou. Os núcleos do IPCA usados pelo BC em sua análise, diz a economista, estão mais elevados, mas dentro do centro da meta do governo para este ano – 5,1%, com intervalo de 1,5 ponto. A Tendências estima queda de 0,5 ponto percentual para a Selic.

A gasolina pesou menos no bolso das famílias de menor renda. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação na faixa de renda de um a oito salários mínimos, teve variação menor (0,15%) do que a do IPCA.

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