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Expectativa do mercado para inflação |
Expectativa do mercado para inflação| Foto:

Apesar de a inflação medida pelo IPCA em janeiro ter ficado acima da estimativa do mercado – alta de 0,48%, contra uma previsão de 0,35% – os dados ruins da atividade econômica fizeram com que a expectativa para a evolução dos preços em 2009 fosse revista para baixo. Na média, os agentes de mercado consultados semanalmente pelo Banco Central apontam para inflação de 4,6% no ano, abaixo dos 5,9% de 2008 e muito próximo da meta de 4,5%. Há, porém, quem já aponte para o IPCA abaixo disso em 2009.

O primeiro efeito da revisão da expectativa de inflação para 2009 é que ela anula boa parte do corte nos juros feito pelo BC há dez dias – a taxa básica, Selic, caiu de 13,75% ao ano para 12,75%, o maior corte desde 2003. A princípio, o movimento torna mais barata a captação de recursos pelos bancos, mas o corte de um ponto porcentual fica mais tímido do que parece quando levada em conta a revisão dos números do IPCA. Isso porque os juros reais, aqueles em que é descontada a inflação futura, caíram pouco.

Em dezembro, a taxa real de juros no Brasil era de 8% ao ano. Com o corte de um ponto porcentual na Selic, ela cairia para pouco mais de 7% se a perspectiva para a inflação continuasse em 5% para 2009. Com a revisão nessa expectativa, a taxa real de juros atual é de quase 7,6% ao ano. Se a perspectiva de inflação cair mais, o BC terá de manter o ritmo de cortes intensos na Selic para que sua política monetária surta efeito. Não por acaso, o mercado dá como certo um corte de um ponto porcentual em março.

"O sistema de metas de inflação funciona muito bem para conter a demanda, quando há pressão inflacionária. Com a pressão deflacionária, no entanto, sua eficácia é muito pouco conhecida", diz o economista Marcelo Curado, professor da Universidade Federal do Paraná. Para ele, o BC vem sendo conservador ao permitir que a taxa real de juros permaneça em patamares elevados em um contexto de atividade econômica fraca. "Nesse ritmo vai demorar meses para os juros caírem o necessário para estimular a economia."

O BC pisa em um terreno ainda desconhecido na política monetária brasileira. Em crises anteriores, os juros ficaram altos e a atividade caiu ainda mais para que não houvesse repasse da desvalorização cambial para a inflação. "Há um movimento global de deflação e a atividade está muito fraca aqui. São fatores que dessa vez vão limitar os repasses", diz Maristela Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra, que já projeta um IPCA de 4,3% em 2009.

O problema é saber se o mercado está captando corretamente a queda da inflação, ou se os preços recuarão ainda mais durante o ano. A Rosenberg e Associados trabalha com um cenário de IPCA de 4,5%, mas com a possibilidade de ficar em 4% caso os preços dos alimentos subam menos do que o previsto. "Houve queda na produção agrícola e ela deve se repetir na próxima safra por causa da falta de liquidez dos produtores o que vai elevar os preços", diz o analista Francis Kinder.

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